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Padre francês conhecido na luta contra exclusão acusado de agressões sexuais

O padre católico francês Abbé Pierre, falecido em 2007 e reconhecido pela sua ação a favor dos mais desfavorecidos, foi acusado por várias mulheres de agressões sexuais, anunciaram hoje três organizações que prosseguem a sua obra.

Padre francês conhecido na luta contra exclusão acusado de agressões sexuais
Notícias ao Minuto

16:20 - 17/07/24 por Lusa

Mundo Abbé Pierre

Ícone da luta contra a exclusão social, cofundador do movimento Emmaus e membro da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial, Abbé Pierre (1912-2007), cujo verdadeiro nome era Henri Grouès, foi durante muito tempo a personalidade preferida dos franceses.

 

As organizações Emmaus International, Emmaus France e a Fundação Abbé Pierre explicaram que, na sequência de "uma denúncia de uma agressão sexual cometida por Abbé Pierre contra uma mulher", foi realizado um trabalho interno pela Egaé, empresa especializada na prevenção da violência, que deu origem ao relatório independente encomendado pelas associações.

"Este trabalho permitiu recolher os testemunhos de sete mulheres que relatam comportamentos equiparáveis a agressões sexuais ou assédio sexual cometidos por Abbé Pierre entre o final dos anos 70 e 2005", acrescentam as três organizações, acrescentando que uma das testemunhas "era menor na altura dos primeiros incidentes".

Num comunicado de imprensa publicado pelo jornal diário católico La Croix, as organizações saudaram "a coragem das pessoas que testemunharam e tornaram possível, através das suas palavras, trazer à luz estas realidades", e reconheceram "que estes atos intoleráveis deixaram a sua marca".

"Estas revelações estão a abalar as nossas estruturas. Estas ações estão a mudar profundamente a forma como olhamos para um homem conhecido sobretudo pela sua luta contra a pobreza, a miséria e a exclusão", acrescentaram as organizações.

Além disso, referiram que foi criado um sistema "estritamente confidencial" para recolher testemunhos e apoiar as pessoas que foram vítimas ou testemunharam comportamentos inaceitáveis por parte do sacerdote francês.

Segundo uma fonte interna da Emmaus, até à data não foi interposta qualquer ação judicial.

Após a revelação, a Igreja Católica em França publicou uma mensagem na rede social X em que afirmou ter tomado conhecimento destes testemunhos "com tristeza" e expressou a sua "vergonha por tais atos terem sido cometidos por um padre", reiterando "determinação em tomar medidas para tornar a Igreja uma casa segura".

"Abbé Pierre teve um impacto notável no nosso país e em todo o mundo", escreveu a Igreja Católica francesa, acrescentando que o sacerdote "aumentou a consciência da responsabilidade de todos para com as pessoas em situação precária" e renovou a forma como a "sociedade olha para os mais pobres".

A Igreja Católica sublinhou também que "a sua posição não pode, no entanto, dispensar o necessário trabalho de verdade, que a Emmaus acaba de realizar com clareza e coragem, ouvindo os queixosos e efectuando esta investigação, cujo relatório acaba de ser publicado", e que a Conferência Episcopal Francesa irá analisar.

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