"A economia russa está atualmente a crescer fortemente graças ao 'boom' da defesa", revela Vasily Astrov, especialista em assuntos russos do Instituto de Estudos Económicos Internacionais de Viena (wiiw).
No entanto, revela, "as sanções podem funcionar como um veneno que atua lentamente", destacou o especialista a propósito das conclusões do estudo encomendando pelo ministério alemão dos Assuntos Económicos e da Ação Climática.
Em 2023, um ano depois do início da guerra, o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia cresceu 3,6%. Já este ano o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin, anunciou um avanço de 5% nos primeiros cinco meses do ano quando comparado com o período homologo, registando-se crescimentos nas áreas da produção industrial, maquinaria e equipamentos e propriedade intelectual.
"Este valor é significativamente superior às previsões, apesar de todas as tentativas do exterior para nos impedir", apontou Mishustin numa reunião sobre questões económicas, citado pela agência Tass.
O projeto Russia Monitor, resultado de uma cooperação de investigação levada a cabo pelo Instituto de Estudos Económicos Internacionais de Viena (wiiw, coordenador), pelo Instituto de Economia Mundial de Kiel (IfW), pelo Instituto Leibniz de Investigação Económica (ifo) e pelo Instituto Austríaco de Investigação Económica (WIFO) abrange dados das exportações e importações russas (incluindo de bens sancionados e de dupla utilização), o orçamento do Estado, o setor da produção, a procura interna, o mercado de trabalho, a evolução dos preços e os mercados financeiros.
Foi desenvolvido em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia e às sanções impostas pela União Europeia (UE) e por outros estados a Moscovo com o objetivo de restringir a sua capacidade de fazer guerra e de aumentar os custos políticos e económicos para as elites do país.
O crescimento do PIB na Rússia tem vindo a ser atribuído ao aumento das despesas do Estado com armamento e material militar, com os aumentos dos salários e os pagamentos às famílias das vítimas na guerra que fizeram aumentar o rendimento de muitas famílias.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
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