A decisão foi anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, em entrevista à televisão privada ATV, numa alusão ao fundo europeu que Budapeste bloqueia desde maio.
"Enquanto a Ucrânia não resolver esta questão, que todos se esqueçam do pagamento dos 6,6 mil milhões de euros", afirmou.
A Hungria e a Eslováquia solicitaram na segunda-feira à Comissão Europeia a mediação com a Ucrânia, após Kiev ter incluído a petrolífera Lukoil na sua lista de sanções, implicando o fim do trânsito de petróleo para os dois países através do oleoduto Druzhba (Amizade).
O ministro sublinhou que a Hungria não apoiará o financiamento da União Europeia (UE) para o envio de armamento à Ucrânia enquanto permanecer em risco a segurança energética do país centro-europeu, que atualmente assume a presidência semestral rotativa do Conselho da UE.
"A decisão da Ucrânia de não permitir à Lukoil o trânsito de petróleo através da Ucrânia implica uma ameaça fundamental para a segurança dos fornecimentos energéticos à Hungria e à Eslováquia", afirmou, na segunda-feira, o porta-voz do Governo húngaro, Zoltan Kovacs, na rede social X.
A Hungria e a Eslováquia dependem essencialmente das importações de petróleo russo, e apesar das sanções à Lukoil terem afetado o intercâmbio, os dois países continuam a receber fornecimentos de outras empresas russas.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o seu homólogo eslovaco, Robert Fico, ambos definidos de "pró-russos", têm-se oposto ao apoio militar à Ucrânia na sequência da invasão russa e defendem uma solução negociada para terminar com o conflito.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
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