Bangladesh regressa lentamente à normalidade após distúrbios graves
O Bangladesh está a regressar à normalidade, com um horário de funcionamento ainda limitado de internet após mais de uma semana de manifestações contra as quotas de emprego em que morreram cerca de 200 pessoas.
© Getty Images
Mundo Bangladesh
Durante os distúrbios, a maior parte do país ficou privado de ligações através da internet.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, milhares de veículos circularam hoje nas ruas da capital depois de as autoridades terem abrandado o recolher obrigatório.
Hoje, os escritórios das empresas e as instituições bancárias funcionaram durante algumas horas, enquanto as autoridades restabeleceram a internet de banda larga em algumas zonas de Daca e na segunda maior cidade do país, Chattogram.
As autoridades afirmaram que o recolher obrigatório se manteria em Daca e em outros locais.
Desde 16 de julho, pelo menos 197 pessoas foram mortas em atos de violência, segundo o jornal Prothom Alo, de língua bengali.
A Associated Press não conseguiu confirmar o número de mortos através de fontes oficiais.
As escolas e outros estabelecimentos de ensino permanecem encerrados "até nova ordem".
Desde 15 de julho que se registam confrontos entre a polícia e manifestantes, na maioria estudantes, que exigem o fim de uma quota que reserva 30% dos empregos públicos a familiares de veteranos que combateram na guerra de independência do Bangladesh em 1971.
As situações de violência agravaram-se depois de o Partido Nacionalista do Bangladesh, principal partido da oposição, e o partido de direita Jamaat-e-Islami terem alargado o apoio aos protestos.
No domingo, o Supremo Tribunal ordenou que a quota dos veteranos de guerra de 1971 fosse reduzida para 5% .
Assim, 93% dos postos de trabalho da função pública vão passar a basear-se no mérito e os restantes 2% vão ser reservados aos membros das minorias étnicas, bem como aos cidadãos transexuais e às pessoas com deficiência.
Na terça-feira, o Governo aceitou um veredicto do Supremo Tribunal que reformou o sistema de quotas para os empregos públicos.
O Governo da primeira-ministra Sheikh Hasina congratulou-se com a decisão e declarou estar pronto a cumprir a ordem judicial.
Os manifestantes reclamaram na terça-feira que o Executivo respondesse pelo "derramamento de sangue e pelas mortes" durante os protestos.
Os manifestantes argumentaram que o sistema de quotas era discriminatório e beneficiava os apoiantes de Hasina, cujo partido, a Liga Awami, liderou o movimento pela independência, e queriam que fosse substituído por um sistema baseado no mérito.
Hasina defendeu o sistema de quotas, afirmando que "os veteranos que lutaram e as mulheres que foram violadas e torturadas em 1971 merecem o maior respeito", independentemente da filiação política.
A Liga Awami e o BNP acusaram-se mutuamente de fomentar o caos político e a violência antes das eleições nacionais que foram marcadas por medidas de repressão contra várias figuras da oposição.
A sede do principal partido da oposição foi invadida e selada.
A polícia disse ter recuperado barras de ferro e armas artesanais na sede do partido da oposição em Daca.
Bu Mirza Fakhrul Islam Alamgir, secretário-geral do principal partido da oposição, rejeitou as alegações e culpou o Governo pelo elevado número de mortes.
Hasina tem estado a realizar uma série de reuniões com os chefes dos três ramos das Forças Armadas, com os principais líderes empresariais e com os parceiros políticos, mantendo que o recolher obrigatório foi imposto para restabelecer a normalidade.
A chefe do Executivo culpou igualmente a oposição pelos atos de violência e afirmou que os autores têm de ser responsabilizados.
A Embaixada dos Estados Unidos descreveu a situação no domingo como volátil e imprevisível, acrescentando que foram utilizadas armas de fogo, gás lacrimogéneo e outras armas nas imediações da embaixada.
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