Protestos estudantis no Bangladesh causaram perdas de milhões de dólares
Os protestos estudantis no Bangladesh, que causaram cerca de 170 mortos e que ficaram marcados pela repressão policial, causaram perdas de milhões de dólares à indústria do país, contabilizaram fontes empresariais citadas pelas agências internacionais.
© Getty Images
Mundo Bangladesh
"Devido ao encerramento de fábricas, o setor têxtil está a perder cerca de 16 mil milhões de takas (cerca de 136 milhões de dólares, cerca de 125 milhões de euros, no câmbio atual) todos os dias", referiu esta semana SM Mannan, presidente da Associação de Fabricantes e Exportadores de Vestuário do Bangladesh (BGMEA).
Citadas pela agência noticiosa EFE, as empresas espanholas Inditex e El Corte Inglês também viram as suas operações afetadas.
Na segunda-feira, os empresários do país apelaram à primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, para que pusesse fim ao bloqueio das telecomunicações e ao recolher obrigatório, bem como para que reforçasse a segurança para evitar ataques.
"A maior perda é o receio de que a confiança e a dependência dos nossos compradores internacionais sejam quebradas", referiu Mannan, referindo-se a um mercado com uma grande presença estrangeira.
A suspensão dos serviços de Internet afetou severamente as empresas que dependem das redes para funcionar, denunciou hoje à EFE Rasel T. Ahmed, presidente da Associação de Software e Serviços de Informação do Bangladesh.
"Só nos serviços de 'software', sofremos perdas de cerca de 800 milhões de taka (cerca de seis milhões de dólares, cerca de 5,5 milhões de euros) por dia. Isto significa que, nos últimos dias, as nossas perdas foram superiores a 5 mil milhões de takas (quase 43 milhões de dólares, cerca de 39 milhões de euros)", precisou o representante.
Uma das preocupações de Ahmed é a perda de clientes internacionais devido ao bloqueio da Internet que entrou em vigor na quinta-feira e que o Governo prometeu restabelecer gradualmente. Por enquanto, apenas os serviços de banda larga estão a funcionar, enquanto as redes móveis continuam bloqueadas.
Rafiqullah Romel, CEO da plataforma de 'streaming' Content Matters, comentou à EFE que as despesas para manter os servidores ultrapassam os vários milhões de dólares por dia, independentemente de haver ou não utilizadores.
Os protestos estudantis começaram no início de julho para exigir o fim do sistema de quotas para o acesso ao emprego público.
Apesar de inicialmente pacíficas, as manifestações ganharam intensidade na segunda-feira da semana passada, quando a primeira-ministra Sheikh Hasina rejeitou as suas exigências, que foram parcialmente confirmadas pelo Supremo Tribunal.
Entretanto, segundo relataram hoje as agências internacionais, o país está a regressar à normalidade. Neste contexto, o Governo do Bangladesh decidiu atenuar algumas das medidas decretadas, incluindo o recolher obrigatório.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, milhares de veículos circularam hoje nas ruas da capital do país, Daca, depois de as autoridades terem autorizado a abertura de gabinetes governamentais e de fábricas.
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