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Kyiv rejeita críticas por interromper trânsito de petróleo russo

A Ucrânia negou hoje que a decisão de interromper o trânsito de petróleo russo da empresa Lukoil através do seu território afete o abastecimento da Hungria e da Eslováquia e defende o direito de aplicar esta medida.

Kyiv rejeita críticas por interromper trânsito de petróleo russo
Notícias ao Minuto

19:00 - 25/07/24 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

De acordo com os representantes ucranianos, os volumes de petróleo que os dois países europeus receberam através do oleoduto Druzhba em julho não diminuíram após a Ucrânia aplicar sanções contra a Lukoil -- que considera uma das principais fontes de financiamento do Kremlin (presidência russa) e também sujeita a sanções ocidentais --, uma vez que outras empresas russas prosseguiram com o trânsito desta matéria-prima.

 

"A Ucrânia não pode transportar petróleo da Lukoil, mas o volume total de trânsito não se alterou", garantiu o presidente da Naftogaz, Oleski Chernishov, numa reunião em formato 'online' com investidores, noticiada pela edição ucraniana da revista Forbes.

Embora a Hungria e a Eslováquia recebam, respetivamente, um terço e 45% do seu petróleo da Lukoil, também têm outras rotas logísticas, informou o Centro Ucraniano de Combate à Desinformação na quarta-feira à noite.

O organismo adiantou que a Eslováquia não sentirá os efeitos da decisão da Ucrânia, pelo facto de também ser abastecida por outras empresas russas, onde se incluem a Tatneft ou a Gazprom Neft.

Na quarta-feira, o Presidente da Eslováquia, Peter Pellegrini, advertiu Kiev que teria de "reagir" caso não se registasse uma alteração da situação.

Em paralelo, Budapeste fez depender o fim do seu bloqueio ao desembolso de 6,6 mil milhões de euros do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para a Ucrânia à revogação da decisão ucraniana.

Os dois países membros da União Europeia (UE) pediram o apoio a Bruxelas, e sugeriram que poderão ser afetadas as exportações de eletricidade e gás para a Ucrânia através dos seus territórios.

Apesar de o trânsito do seu petróleo através da Ucrânia ter sido interrompido em 28 de junho, a Lukoil está sob sanções ucranianas desde 2018.

Os analistas ucranianos também creem que, nos últimos anos, a Hungria ampliou a sua infraestrutura petrolífera e que a sua economia poderá funcionar sem o trânsito de petróleo russo através da Ucrânia.

Na perspetiva do especialista em energia Volodymyr Omelchenko, citado pelo jornalista Rostyslav Averchuk num texto da agência noticiosa espanhola EFE, o Kremlin, com a ajuda dos parceiros húngaros e eslovacos, fomenta deliberadamente "um conflito imaginário" para exacerbar os sentimentos anti-ucranianos entre a população da Hungria e Eslováquia e "justificar o bloqueio pelos seus governos da ajuda militar à Ucrânia e a sua integração euro-atlântica".

Analistas também recordam a diretiva da UE e o compromisso da Hungria, Eslováquia e República Checa de terminar com o fornecimento de petróleo russo até 2027 através da diversificação.

Kiev também está a equacionar a ampliação das sanções contra outros fornecedores de petróleo russo, e quando se calcula que o trânsito de petróleo da Lukoil e outros fornecedores através da Ucrânia implicou um montante de seis mil milhões de euros por ano desde o início da invasão russa do país vizinho em fevereiro de 2022.

Devido às numerosas lacunas do regime de sanções e às compras de países como a China, Turquia ou Índia, a Rússia recebe diariamente cerca de 660 milhões de euros pela venda de petróleo e derivados, indicou, por sua vez, Olena Lapenko, do grupo de análise DiXi, nas suas análises para o diário ucraniano Ukrainska Pravda.

"Privar a Federação Russa destas receitas constitui uma tarefa chave para a Ucrânia", defendeu.

As tentativas da Hungria e da Eslováquia de pressionar a Ucrânia com a interrupção do envio de eletricidade e gás parecem "incorretas", frisou ainda Lapenko, lembrando um contexto marcado por "contínuos ataques russos, a destruição do sistema energético ucraniano e uma possível catástrofe humanitária".

Segundo Budapeste, a Ucrânia recebe cerca de 42% das suas importações de eletricidade através do território da Hungria, enquanto algumas das suas importações também chegam através da Eslováquia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais, que também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

Leia Também: Kyiv diz que três drones russos entraram na Roménia

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