Joe Biden prepara propostas para reformar o Supremo Tribunal dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou hoje a intenção de reformar urgentemente o Supremo Tribunal norte-americano, dominado por conservadores, numa iniciativa de longo prazo.

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Lusa
29/07/2024 11:52 ‧ 29/07/2024 por Lusa

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EUA

O chefe de Estado deve revelar as novas medidas num discurso em Austin, Estado do Texas, onde pode vir a defender uma emenda constitucional capaz de anular a recente decisão do Supremo Tribunal que apoia a imunidade de Donald Trump, candidato presidencial republicano às eleições de novembro.

 

Biden quer também limitar o número de mandatos dos juízes do Supremo Tribunal, que atualmente exercem funções vitalícias, na sequência de decisões como a revogação do caso "Roe versus Wade", que durante várias décadas garantiu o direito ao aborto.

Joe Biden pretende também a adoção de um código de ética para os juízes do Supremo Tribunal.

"Esta nação (Estados Unidos) foi fundada com base num princípio simples mas profundo: ninguém está acima da lei. Nem o Presidente dos Estados Unidos. Nem um juiz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Ninguém", refere Joe Biden num artigo de opinião que foi publicado hoje.

"O que está a acontecer agora não é normal e mina a confiança nas decisões do Tribunal (Supremo), incluindo as que têm impacto nas liberdades individuais. Encontramo-nos agora numa situação de rutura", afirma o chefe de Estado.

Entretanto, o gabinete presidencial, citado pela Agência France Presse, disse que Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris, a provável candidata democrata nas eleições de novembro, querem "trabalhar com o Congresso nestes planos", durante os próximos meses.

Mesmo assim, as intenções da Casa Branca têm de ultrapassar as profundas divisões que se verificam no Congresso.

Segundo a France Presse, as propostas refletem a crescente frustração de Joe Biden com um Tribunal repleto de juízes nomeados por Donald Trump, e numa altura em que as sondagens de opinião mostram uma crescente perda de confiança na instituição.

Biden tem resistido aos apelos para rever ou reformar o Supremo Tribunal, que é composto por nove juízes nomeados a título vitalício.

Segundo fontes da Casa Branca, citadas pela AFP, Joe Biden vai agora tentar limitar o mandato dos juízes do Supremo Tribunal a 18 anos, com novos juízes nomeados de dois em dois anos.

Esta medida "reduziria o risco de uma única presidência impor uma influência indevida às gerações futuras".

Este ano, o Supremo Tribunal reduziu significativamente o poder das agências federais e, ao mesmo tempo, decidiu em julho a favor dos pedidos de imunidade do candidato republicano Donald Trump.

O candidato republicano está a usar esta decisão para contestar, entre outros processos, a recente condenação criminal num caso que envolveu pagamentos secretos a uma atriz de filmes pornográficos.

Joe Biden pretende também a adoção de um código de ética "vinculativo e aplicável" semelhante ao que se aplica aos juízes federais.

Dos nove juízes do Tribunal, seis são conservadores sendo que metade foram nomeados por Donald Trump.

O Supremo Tribunal tem sido abalado por escândalos que envolvem alguns dos juízes ultraconservadores.

O juiz Clarence Thomas admitiu recentemente que passou dois períodos de férias de luxo em 2019 pagos por um financiador do Partido Republicano.

O decano do Supremo Tribunal, de 76 anos, também ignorou os apelos para se retirar de casos relacionados com as eleições presidenciais de 2020, depois de a mulher com quem é casado ter estado envolvida na campanha para manter Donald Trump no poder.

O juiz Samuel Alito rejeitou igualmente os pedidos para se retirar de certos casos ligados a Donald Trump.

Steven Schwinn, professor de Direito na Universidade de Illinois, Chicago, disse à AFP que as hipóteses de Biden de aprovar novas medidas "são quase iguais a zero", acrescentando que o chefe de Estado está "provavelmente" a tentar "sensibilizar os cidadãos" e a "apresentar o Supremo Tribunal como uma questão eleitoral".

Leia Também: Donald Trump culpa administração Biden pelo ataque de sábado a Israel

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