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Apelos por "transparência" não demovem Maduro. Venezuela 'a ferro e fogo'

Milhares de venezuelanos saíram às ruas em regiões do país para protestar contra os resultados anunciados pela CNE nas presidenciais de domingo. Há registo de pelo menos sete mortos. Eis o ponto de situação na Venezuela, onde Maduro diz estar em curso uma tentativa de "golpe de Estado".

Apelos por "transparência" não demovem Maduro. Venezuela 'a ferro e fogo'
Notícias ao Minuto

08:27 - 30/07/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo Venezuela

Nicolás Maduro foi oficialmente proclamado presidente da Venezuela, depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país ter anunciado no domingo à noite que o líder chavista, no poder desde 2013, havia vencido as eleições, resultado rejeitado pela oposição e parte da comunidade internacional.

 

De notar que no dia de ontem, vários regimes próximos do venezuelano já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros democráticos demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela além de Portugal, como Espanha e Estados Unidos.

De realçar que, além da posição divulgada pelos líderes de diferentes países, também o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a uma "total transparência" na Venezuela.

Durante a cerimónia de proclamação como presidente reeleito, na sede do CNE, Maduro alegou estar em curso uma tentativa de golpe de Estado "de natureza fascista", perante dúvidas sobre o processo da sua reeleição. 

"Está a ser feita uma tentativa na Venezuela para impor um golpe de Estado, mais uma vez, de natureza fascista e contrarrevolucionária", frisou Maduro, garantindo que este é "o mesmo filme" e "com um argumento semelhante" ao que viveu em 2019, em que "os protagonistas" são "os mesmos".

O líder chavista alegou que "estão a ser ensaiados os primeiros passos falhados para desestabilizar a Venezuela" e para impor novamente um "manto de agressão e danos", uma "espécie de filme [Juan] Guaidó 2.0", em referência ao período em que o opositor se autoproclamou "presidente interino" do país, um 'mandato' reconhecido por cinquenta países que nunca foi capaz de exercer, carecendo de instituições e de poder real.

Antes da alegação de Maduro, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou os líderes da oposição Lester Toledo, Leopoldo López e María Corina Machado de serem os principais responsáveis por uma tentativa de adulterar os resultados eleitorais das eleições presidenciais de domingo.

"O ataque terá sido realizado a partir da Macedónia do Norte e teria como intenção manipular os dados que estavam a ser recebidos na CNE (...). Segundo as informações recolhidas, estão envolvidos Lester Toledo, Leopoldo López e María Corina Machado", denunciou Saab.

López, fundador juntamente com Toledo do partido Voluntad Popular, vive em Madrid, enquanto Machado é a principal líder da oposição venezuelana, impedida pela Justiça venezuelana de se apresentar como candidata eleitoral, mas que participou da campanha.

Pelo menos sete mortos e dezenas de detidos em protestos

No dia de ontem, a recusa de resultados levou cidadãos a bater tachos à janela, durante mais de uma hora, em vários bairros da capital da Venezuela, Caracas, num protesto contra a reeleição de Maduro.

Além do leste da capital, o "bater de tachos" foi ouvido em bairros populares, tradicionalmente afetos ao regime chavista, como o 23 de Enero, próximo do palácio presidencial de Miraflores, Cátia (oeste) e El Valle (a sul), coincidindo com o momento em que o Procurador-geral Tarek William Saab se dirigia ao país.

Também no Funchal, algumas dezenas de venezuelanos e luso-venezuelanos se manifestaram, defendendo que a vitória pertence ao candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia.

Os protestos rapidamente escalaram em vários estados venezuelanos e a noite foi de tensão no país. Acabaram por se registar confrontos entre manifestantes e forças de segurança, com gás lacrimogéneo lançado para dispersar multidões. Há dezenas de detidos e, segundo o El Mundo, pelo menos sete mortos. 

Já Maduro justificava dezenas de detenções com o envolvimento em ações "criminosas e terroristas".

De realçar que, a Embaixada de Portugal em Caracas já pediu aos portugueses no país que se mantenham tranquilos e evitem deslocações.

Retirada de pessoal diplomático e voos suspensos

Também ontem, a Venezuela anunciou a retirada do seu pessoal diplomático de sete países latino-americanos, em protesto contra a ingerência dos governos que contestam a reeleição de Nicolás Maduro.

Caracas considera que a posição destes governos, Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, "mina a soberania nacional" e solicitou que os seus diplomatas abandonem os países, revelou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Além disso, o país decidiu suspender os voos de e para o Panamá e a República Dominicana, a partir de quarta-feira, devido a "ações de ingerência" dos governos destes dois países. 

Contestação de resultados repete-se nos 11 anos de Maduro no poder

Note-se que a contestação ao resultado das presidenciais venezuelanas de domingo anunciado pelas autoridades é o mais recente episódio de uma série de eleições questionadas pela oposição e parte da comunidade internacional desde que Nicolás Maduro chegou ao poder em 2013.

Maduro recebeu formação revolucionária em Cuba, foi condutor de autocarros e fez o início da carreira política nos sindicatos dos transportes públicos, até se tornar um delfim do falecido presidente Hugo Chávez e seguir as suas pisadas até se tornar chefe de Estado da Venezuela.

Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a sua reeleição para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.

O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo CNE.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais, com 70% dos votos para González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, que diz que a oposição tem meios para provar a "vitória esmagadora" de Edmundo Gonzalez Urrutia.

Leia Também: Oposição venezuelana diz ter provas da "vitória esmagadora" sobre Maduro

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