OEA desafia Maduro a esclarecer se aceita derrota nas presidenciais

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) desafiou hoje o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a esclarecer se aceita a derrota nas presidenciais de domingo, em que a oposição reivindica vitória, acusando o regime de "manipulação fraudulenta" e "repressão".

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© CRIS BOURONCLE/AFP via Getty Images

Lusa
30/07/2024 19:16 ‧ 30/07/2024 por Lusa

Mundo

Venezuela

"Durante todo este processo eleitoral, o regime venezuelano aplicou o seu esquema repressivo, complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, tornando-o disponível para a manipulação mais aberrante, que continua até hoje", declarou Luis Almagro, num comunicado divulgado hoje pelo seu gabinete.

 

O "regime madurista", prosseguiu, "ridicularizou importantes atores da comunidade internacional ao longo dos anos e, mais uma vez, lançou-se num processo eleitoral sem garantias, mecanismos e procedimentos para fazer cumprir essas garantias".

"O manual completo da manipulação fraudulenta do resultado eleitoral foi aplicado na Venezuela no domingo à noite, em muitos casos de forma muito rudimentar", criticou o responsável da organização.

Almagro ressalvou que a oposição "já apresentou os relatórios oficiais segundo os quais teria ganhado as eleições", enquanto Maduro e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE, fiel ao Presidente) "ainda não foram capazes de apresentar os relatórios oficiais com os quais [Maduro] teria ganho, o que nesta altura seria risível e patético se não fosse trágico".

"É imperativo saber se Maduro aceita os relatórios oficiais apresentados pela oposição e, consequentemente, aceita a sua derrota eleitoral e abre caminho para o regresso à democracia na Venezuela", declarou o secretário-geral da OEA.

"Caso contrário", defendeu, "seriam necessárias novas eleições, mas, neste caso, com a presença das missões de observação eleitoral da União Europeia (UE) e da OEA e um novo CNE "para reduzir a margem de irregularidade institucional que assolou este processo".

Para Almagro, "a pior e mais vil forma de repressão é impedir o povo de encontrar soluções através de eleições".

O responsável sustentou que as instituições na Venezuela têm "a obrigação" de "garantir a liberdade, a justiça e a transparência no processo eleitoral".

"O peso da injustiça sobre o povo venezuelano continua. O povo é mais uma vez vítima da repressão, sem dúvida a característica governamental mais relevante, resultado de uma gestão ineficaz que semeou a mais grave crise humanitária e migratória que a região já conheceu", lamentou.

Almagro recordou declarações suas recentes, segundo as quais "nenhuma revolução" pode deixar as pessoas "com menos direitos do que tinham, mais pobres em valores e princípios, mais desiguais nas instâncias de justiça e representação, mais discriminadas em função do seu lugar de origem ou do seu norte político".

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) concedeu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, Edmundo Gonzalez Urrutia, que terá obtido 44% dos votos.

A principal coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida (PUD), afirmou que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, ganhou a presidência por uma ampla margem (73%) e criou um 'site' na Internet no qual carregou resultados eleitorais para reforçar as suas alegações.

A oposição e parte da comunidade internacional duvidam dos resultados apresentados pelo CNE e exigem mais transparência e uma análise das atas eleitorais.

Uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA, organização com sede em Washington, está agendada para quarta-feira para avaliar os resultados eleitorais das presidenciais venezuelanas.

Leia Também: Venezuela. ONG aponta seis mortos, incluindo dois menores, nos protestos

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