"Tem uma briga, como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se ata tiver dúvida entre oposição e situação, oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo. Aí vai ter a decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo", disse o chefe de Estado brasileiro, a uma televisão filial da TV Globo, naquela que foi a sua primeira declaração após as eleições presidenciais na Venezuela.
Lula da Silva, que embora tenha mostrado preocupação com as declarações inflamatórias de Maduro antes das eleições, é um dos aliados políticos na região, disse ainda que "na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira" todos têm a "obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela".
O chefe de Estado brasileiro refere-se aos boletins de voto que são registados em cada urna e que não foram divulgados pelo Comité Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.
Na mesma entrevista, Lula da Silva reiterou que "não tem nada de grave, não tem nada de assustador" no processo.
"Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça e justiça faz", afirmou, citado pelo Poder360.
O chefe de Estado brasileiro criticou ainda "a ingerência externa" e disse que a "Venezuela tem o direito de construir o seu modelo de crescimento e de desenvolvimento sem que haja um bloqueio".
"Um bloqueio que mata Cuba há 70 anos, que penaliza o Irão, a Venezuela. Cada um constrói o seu processo democrático, cada um tem o seu processo eleitoral", prosseguiu o chefe de Estado brasileiro, que hoje falou com o Presidente norte-americano por telefone e no qual o assunto da Venezuela foi abordado.
De acordo com a presidência brasileira, durante a conversa, Lula da Silva recordou que o seu assessor Especial, Celso Amorim, foi enviado a Caracas e que este já manteve contactos tanto com Maduro, como Edmundo González Urrutia.
"Lula reiterou que é fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito ocorrido no último domingo. Biden concordou com a importância das divulgações das atas", lê-se no comunicado da imprensa brasileira.
O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano divulgou o que foi o seu único boletim durante a madrugada de segunda-feira, com apenas 80% das urnas apuradas, e atribuiu a vitória a Maduro com 51,2 % dos votos, contra 44,2 % do opositor Edmundo González Urrutia, apoiado por María Corina Machado.
A oposição, por sua vez, garantiu que tem mais de 70% dos votos e que o resultado parcial é favorável a González Urrutia, que, segundo ela, obteria 70% dos votos contra 30% do presidente e candidato à reeleição.
Maduro foi certificado pela CNE na segunda-feira, ato que foi seguido de numerosos protestos que continuaram na terça-feira e nos quais, segundo a Procuradoria-Geral da República, foram detidas cerca de 750 pessoas.
De acordo com organizações não-governamentais, pelo menos 11 pessoas foram mortas e 84 ficaram feridas, enquanto o Ministério da Defesa venezuelano garantiu que está em curso um "golpe de Estado" orquestrado por "fatores fascistas de extrema-direita".
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