Numa carta dirigida a ambos os presidentes, os antigos dirigentes da Iniciativa Democrática de Espanha e das Américas (IDEA) recordaram as limitações impostas pelas autoridades eleitorais venezuelanas ao longo do processo "minado" que terminou com as eleições de domingo passado.
Sublinharam que, embora o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE) tenha declarado o atual presidente, Nicolás Maduro, o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, e a líder da oposição, María Corina Machado, tornaram públicos 81% dos registos de votação, segundo os quais o vencedor das eleições seria González Urrutia com 67% dos votos, em comparação com os 30% obtidos por Maduro.
"A única coisa que pode ser feita é reconhecer o estatuto de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela, após verificação pelos órgãos técnicos eleitorais internacionais", argumentam os antigos presidentes.
Os ex-presidentes classificaram como "grave" o comportamento do Governo venezuelano como "repressão, com mortos, feridos, presos e desaparecidos, do seu povo, que apenas exige o respeito pela sua vontade soberana".
Lamentaram ainda que o Governo de Maduro tenha ordenado a "prisão do Presidente eleito e do líder Machado que o apoia".
Os presidentes sublinharam que não se trata apenas de um dilema sobre uma possível fraude eleitoral ou de um escrutínio pendente de conclusão, mas de "um ato ou comportamento que, de forma flagrante e descarada, destrói e desrespeita a ordem constitucional e legal através de uma grave alteração da democracia".
Pedem a Lula e Petro que compreendam que, se este precedente for aceite, constituirá um exemplo que afetará todas as democracias da região.
Entre os signatários da carta estão a ex-presidente do Panamá Mireya Moscoso e o boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foram impedidos pelas autoridades venezuelanas de voar do Panamá para Caracas, onde pretendiam participar como observadores eleitorais nas eleições do último domingo.
Também assinaram a carta Mario Abdo, Federico Franco e Juan Carlos Wasmosy (Paraguai); José María Aznar e Mariano Rajoy (Espanha); Nicolás Ardito Barletta e Ernesto Pérez Balladares (Panamá); Felipe Calderón e Vicente Fox (México) e Iván Duque, Andrés Pastrana e Álvaro Uribe (Colômbia).
Eduardo Frei Ruiz-Tagle (Chile); Osvaldo Hurtado, Guillermo Lasso, Jamil Mahuad e Lenin Moreno (Equador); Luis Alberto Lacalle H. (Uruguai); Mauricio Macri (Argentina); Hipólito Mejía (República Dominicana); Carlos Mesa G. (Bolívia); Alfredo Cristiani (El Salvador); e Óscar Arias, Rafael Ángel Calderón, José María Figueres, Miguel Ángel Rodríguez e Luis Guillermo Solís R. (Costa Rica), também assinaram a declaração.
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