Uma semana depois de os venezuelanos terem sido chamados às urnas, os resultados das eleições presidenciais da Venezuela continuam envoltos em polémica (e mistério). O governo declarou que Nicolás Maduro tinha conquistado um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos, no entanto, o candidato oposicionista terá obtido muitos mais votos do que o Governo alegou. Perante as "provas incontestáveis" da vitória de Edmundo Gonzalez Urrutia, o mundo junta-se e pede "total transparência e integridade do processo eleitoral".
Portugal está entre os sete países europeus que apelaram às autoridades venezuelanas para que divulguem rapidamente todas as atas da votação de domingo. Numa declaração conjunta, os líderes de Portugal, Itália, França, Alemanha, Espanha, Países Baixos e Polónia manifestam grande preocupação com a situação na Venezuela após as eleições presidenciais de domingo passado. Além de pedirem a divulgação das atas eleitorais, acrescentam que "esta verificação é essencial para o reconhecimento da vontade do povo venezuelano".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "apoia a posição" de sete países europeus e pediu também a "divulgação de todas as atas eleitorais".
América Latina condena Maduro
Na América Latina, há vários países que já se manifestaram contra o presidente Nicolás Maduro. A Argentina avançou que está a organizar uma cimeira em Buenos Aires com líderes latino-americanos que não reconhecem a vitória do presidente da Venezuela.
Já o Presidente argentino, Javier Milei, foi o primeiro líder da América Latina a denunciar a fraude eleitoral na Venezuela ainda na noite de domingo passado. Como consequência, foi também foi o primeiro a não reconhecer a vitória de Maduro.
Por sua vez, o Chile já manifestou que considerou ser "prematuro" proclamar Maduro como presidente da Venezuela. "Reiteramos que o resultado que o Governo venezuelano entregou no processo eleitoral não é transparente, que não se baseia em informações que estejam à disposição de todos e, ao mesmo tempo, aspiramos a um processo de verificação desses resultados", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chileno.
Já o Uruguai manifestou "grande preocupação" com a situação na Venezuela.
En la mañana de hoy conversé con @JosepBorrellF, VP de la @EU_Commission. Compartimos la gran preocupación por la situación en Venezuela. Coincidimos en la urgencia de que el organismo responsable -el CNE- muestre toda la información y permita revisión integral independiente.
— Omar Paganini (@OmarPaganini) August 3, 2024
Oposição pede luta "pacífica" e com "força"
A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, apelou à luta "pacífica e cívica" com "força" durante uma concentração em Caracas, onde assinalou que as eleições de 28 de julho assinalaram um "marco" no qual se iniciou a "transição para a democracia" na nação.
Entre gritos de "liberdade", Corina Machado destacou a força dos cidadãos que saíram às ruas apesar da repressão contra as manifestações que ocorreram em rejeição aos resultados oficiais das eleições que deram oficialmente a vitória ao Presidente, Nicolás Maduro.
"Não aceitaremos que tentem usurpar a presidência"
Por fim, o presidente venezuelano disse que o país não aceitará a tentativa de lhe "usurparem novamente a presidência", em reação à contestação da sua reeleição pela oposição, que reclama a vitória, e por parte da comunidade internacional.
Maduro referia-se ao reconhecimento por alguns países do candidato da oposição Edmundo González Urrutia como "presidente eleito", cinco anos depois de o mesmo ter acontecido com o opositor Juan Guaidó, em 2019, por uma parte da comunidade internacional.
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