Irão diz ter "direito legal" de punir Israel após morte do líder do Hamas
O Irão afirmou hoje que tem o "direito legal" de punir Israel pelo assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, que atribui a Telavive, e defendeu que a República Islâmica não é responsável pela escalada na região.
© Lusa
Mundo Irão
"Consideramos indiscutível o nosso direito de defender a nossa segurança nacional, a nossa soberania e a nossa integridade territorial", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, na habitual conferência de imprensa semanal.
O Irão, o movimento islamista palestiniano Hamas e o seu aliado libanês Hezbollah responsabilizaram Israel pelo assassinato de Haniyeh na capital iraniana na passada quarta-feira, mas, até ao momento, Telavive não confirmou publicamente o seu alegado envolvimento na morte do líder político.
O Hamas e Israel estão envolvidos numa guerra na Faixa de Gaza desde outubro do ano passado.
A morte ocorreu poucas horas depois de um ataque reivindicado por Israel ter matado o chefe militar do movimento libanês Hezbollah, Fuad Shukr, perto de Beirute.
"O Irão tem o direito legal de punir [Israel]. O Irão atua no quadro da Carta das Nações Unidas e do direito internacional e toma medidas sérias para proteger a sua segurança nacional com o objetivo de punir o agressor, criar dissuasão e defender a sua segurança", acrescentou Kanani.
As preocupações sobre uma possível escalada militar no Médio Oriente estão a aumentar depois de o Irão e os seus aliados terem intensificado nos últimos dias as ameaças contra Israel, que o regime iraniano diz ser "a fonte da escalada" no Médio Oriente.
"Se os governos da região e a comunidade internacional tivessem cumprido o seu dever legal, exercendo pressão sobre o regime sionista, provavelmente não teríamos assistido a um nível tão elevado de desordem e a uma escalada do risco de conflito na região", acrescentou o porta-voz.
"O terror é a essência do regime sionista [Israel] e a sobrevivência deste regime depende da continuação do terrorismo organizado e patrocinado pelo Estado", afirmou Kanani, para quem a experiência demonstrou que Israel "não é apenas uma ameaça para a Palestina, mas também um perigo real para a estabilidade e a segurança de todos os palestinianos".
O Governo israelita afirma que o país está num "nível muito elevado" de preparação para qualquer cenário, "tanto defensivo como ofensivo", tal como referiu o primeiro-ministro do país, Benjamim Netanyahu.
O principal aliado de Israel, os Estados Unidos, anunciou um aumento da sua presença militar no Médio Oriente, nomeadamente para "reforçar o apoio à defesa de Israel".
O Irão já lançou um ataque direto sem precedentes contra território israelita em meados de abril, em retaliação pelo bombardeamento do consulado iraniano em Damasco, na Síria, a 01 desse mês, que matou sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana, incluindo dois generais.
A República Islâmica do Irão e Israel são inimigos declarados e competem pela hegemonia regional, travando há décadas uma guerra não declarada marcada por ciberataques, assassinatos e atos de sabotagem.
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