O independentista e antigo presidente do governo regional surgiu hoje publicamente nas ruas de Barcelona, poucos minutos antes das 09:00 locais (08:00 em Lisboa), numa concentração em que estavam mais de duas mil pessoas e que foi convocada pelo partido a que pertence, o Juntos pela Catalunha (JxCat).
Puigdemont falou durante alguns minutos aos apoiantes que estavam numa praça nas imediações do parlamento catalão, desceu depois do palco instalado no local e caminhou a seguir alguns metros, rodeado por dirigentes do seu partido e centenas de outras pessoas, que levavam cartazes e bandeiras independentistas.
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont parecia dirigir-se para a entrada do Parque da Cidadela, onde está localizado o edifício do parlamento catalão, onde às 10:00 locais (09:00 em Lisboa) arrancou a sessão de investidura do socialista Salvador Illa como novo presidente do governo regional (conhecido como Generalitat).
O acesso ao parlamento está blindado e controlado por uma barreira policial desde a madrugada, mas Puigdemont não chegou a este local, onde poderia ser detido.
O dirigente separatista desapareceu, aparentemente, entre a multidão de apoiantes e o seu paradeiro é neste momento desconhecido.
Nas breves palavras que dirigiu aos apoiantes que hoje o receberam em Barcelona, após quase sete anos no estrangeiro, Puigdemont condenou a "politização da justiça" espanhola, que lhe recusa a amnistia aprovada pelo parlamento de Espanha.
"Não nos interessa estar num país em que as leis de amnistia não amnistiam", disse Puigdemont, que lamentou a "repressão feroz" do movimento independentista catalão por parte das autoridades espanholas, após a tentativa de autodeterminação de 2017, que protagonizou e na sequência da qual abandonou Espanha, sendo ainda hoje alvo de uma mandado de detenção em território espanhol.
"Vim aqui hoje para lembrar que ainda estamos aqui, porque não temos o direito de renunciar", afirmou, depois de insistir em que todos os povos têm o direito à autodeterminação.
Puigdemont anunciou na quarta-feira que pretendia estar hoje na sessão parlamentar convocada para votar a investidura de Salvador Illa como presidente da Generalitat.
Num vídeo que divulgou nas redes sociais, admitiu que arrisca ser detido hoje, com este regresso a Espanha, e considerou que a sua detenção seria "arbitrária e ilegal", por estar já em vigor a lei de amnistia para separatistas da região.
O Tribunal Supremo espanhol recusou, num primeiro parecer, aplicar a amnistia a Puigdemont, que apresentou recurso desta decisão e aguarda uma resposta.
O "desafio" do Tribunal Supremo "tem de ter uma resposta e de ser confrontado" em nome da democracia, disse Puigedemont, para justificar o regresso hoje a Espanha.
O Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Operário Espanhol, PSOE) foi o mais votado nas últimas eleições catalãs, em que as forças independentistas perderam a maioria absoluta que nos últimos 14 anos garantiu sempre executivos separatistas na região.
Salvador Illa negociou o apoio da independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que foi o terceiro partido mais votado, para ser investido presidente da Generalitat.
O outro grande partido independentista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), de Carles Puigdemont, foi o segundo mais votado.
O JxCat condenou a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo "espanholista" para a região.
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