"Os grupos armados ilegais, as organizações criminosas (...) são os principais autores de abusos ou os que geram mais riscos para os jornalistas na Colômbia", afirmou Julio Solano, responsável pela liberdade de expressão, na apresentação de um relatório, na terça-feira.
É a primeira vez que o organismo elabora um estudo deste género, num dos países mais perigosos para os jornalistas devido a um conflito armado que dura há seis décadas.
De acordo com o relatório, 28% das violações foram cometidas por grupos de guerrilha como o Exército de Libertação Nacional (ELN), fações dissidentes das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e grupos paramilitares.
Os ataques cometidos pela polícia e por outros organismos do Estado representam 24% dos casos, enquanto 12% envolvem atos perpetrados por líderes políticos "e, em alguns casos, por funcionários públicos", acrescentou Solano.
A organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) classificou a Colômbia "entre os países mais perigosos do continente para os jornalistas", atrás de Venezuela, Cuba, Nicarágua e Honduras.
Do total de infrações documentadas pela provedoria de justiça colombiana, 37% correspondem a violações da liberdade de expressão e de informação e 36% dos jornalistas entrevistados afirmaram ter sido alvo de agressões físicas ou de ameaças de morte.
Muitos jornalistas têm sido alvo dos diferentes grupos armados que operam na Colômbia, país mergulhado num conflito armado que já fez 9,5 milhões de vítimas, entre mortos, desaparecidos, deslocados ou raptados.
O Centro de Memória Histórica colombiano indicou que 152 jornalistas foram mortos desde 1977 no exercício da profissão. Em metade dos casos, os autores dos crimes ficaram impunes.
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