Numa carta tornada pública hoje, os advogados do ex-presidente e atual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos da América (EUA) sugeriram que a leitura da sentença de Trump, prevista para 18 de setembro -- sete semanas antes das eleições --, equivaleria a interferência eleitoral.
Trump tornou-se, em 31 de maio, o primeiro ex-presidente a ser condenado, em Nova Iorque, por falsificar documentos durante a campanha de 2016 para encobrir um caso com a atriz pornográfica Stormy Daniels.
Os advogados do magnata escreveram que um adiamento também daria tempo ao ex-presidente para avaliar os próximos passos após o juiz de primeira instância, Juan M. Merchan, ter de decidir em 16 de setembro sobre o pedido da defesa para anular o veredicto e encerrar o caso, por causa da decisão do Supremo Tribunal, em julho, de que Trump gozava de imunidade parcial por ter servido como Presidente.
"Não há base para continuar com pressa", consideram os advogados de Trump, Todd Blanche e Emil Bove, citados pela agência noticiosa Associated Press.
Os advogados enviaram a carta a Merchan na quarta-feira, depois de o juiz ter rejeitado o último pedido da defesa para que se afastasse do caso.
Na carta, Blanche e Bove reiteraram o argumento da defesa de que o juiz tem um conflito de interesses, porque a sua filha trabalha como consultora política democrata, incluindo para Kamala Harris, quando procurou a nomeação presidencial em 2020, e que está agora a concorrer contra Trump.
Ao adiar a sentença para após as eleições, "o tribunal reduziria, mesmo que não eliminasse, as questões relativas à integridade de quaisquer processos futuros", escreveram os advogados.
As eleições presidenciais realizam-se em 05 de novembro, mas muitos estados permitem que os eleitores votem mais cedo, com alguns prontos para iniciar o processo apenas alguns dias antes ou depois da data marcada para a sentença de Trump, em 18 de setembro.
O juiz Merchan, que disse estar confiante na sua capacidade de se manter justo e imparcial, não se pronunciou imediatamente sobre o pedido de adiamento.
Trump foi condenado em maio por falsificar os registos da sua empresa para ocultar um acordo de 2016 para subornar a atriz porno Stormy Daniels para permanecer em silêncio sobre um encontro sexual em 2006.
Os procuradores consideraram o pagamento como parte de um esforço liderado por Trump para impedir que os eleitores tivessem conhecimento de histórias obscenas sobre o candidato republicano durante a sua primeira campanha.
Donald Trump disse que todas as histórias eram falsas, que os registos comerciais não eram e que o caso foi uma manobra política destinada a prejudicar a sua campanha atual, uma vez que o procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, é democrata.
A falsificação de registos comerciais é punível com até quatro anos de prisão e outras sentenças potenciais incluem liberdade condicional, multa ou dispensa condicional.
Leia Também: Donald Trump perde terceira tentativa de remover juiz do seu julgamento