O 'Internationale Stummfilmtage' celebra este ano a sua 40.ª edição, e selecionou "cuidadosamente", até domingo, "filmes mudos com uma grande variedade de géneros e temas", entre eles o português 'Maria do Mar', de Leitão de Barros.

"O programa reflete o papel importante que o cinema mudo desempenha na história do cinema, com clássicos da época", apontou Dela Faber, da organização do festival alemão.

"Todos os anos tentamos reunir uma seleção que apresente uma vasta gama de filmes provenientes de diferentes países, bem como restauros novos ou recentes de arquivos de filmes de todo o mundo. A primeira e última vez que um filme mudo português foi exibido no festival foi em 2000, por isso já era altura de voltarmos a incluir um filme mudo português no programa", revelou.

'Maria do Mar' foi projetado ao ar livre na quarta-feira, acompanhado ao vivo pela harpista Elizabeth Jane Baldry e pelo instrumentista Stephen Horne (piano, flauta, acordeão). Vai ainda estar disponível em 'streaming' de hoje a domingo.

"Por acaso, 'Maria do Mar' foi precisamente o filme que exibimos em 2000. Na altura em 35mm, mas este ano vamos apresentar o mais recente restauro digital da Cinemateca", acrescentou Dela Faber em declarações à Lusa.

"Vimos vários filmes portugueses de que gostámos, e talvez consigamos trazer alguns deles ao festival no futuro, mas 'Maria do Mar' era, na nossa opinião, o que melhor se enquadrava com os outros filmes do nosso programa deste ano", detalhou.

O festival que se realiza cada ano na cidade de Bona celebra a era do cinema antigo dos anos 1899 a 1930. Mostra filmes de diferentes géneros que vão do terror à comédia.

"É evidente, ao ver filmes mudos, que este período inicial do cinema estabeleceu todos os padrões relativos à câmara, equipamento, edição, realização, etc. O acompanhamento musical ao vivo nessa altura também abriu caminho para as partituras de filmes que existem atualmente", realçou Dela Faber.

O festival ao ar livre passou, nos últimos 30 anos, exclusivamente filmes mudos. No total a organização conta mais de 900.

"Novos filmes mudos são constantemente descobertos e novos restauros são disponibilizados pelos arquivos de filmes com a ajuda do avanço tecnológico. Vemos também que a popularidade do cinema mudo continua a refletir-se na dimensão do nosso público que visita o pátio da Universidade de Bona ou vê a nossa transmissão em linha", destacou.

Público "diversificado" com "amantes do cinema mudo" e "fãs de música ao vivo", tal como famílias e pessoas de todas as idades. A entrada é gratuita e uma parte "essencial" do festival que já pensa nos próximos 40 anos.

"Desejamos um apoio financeiro contínuo, novas oportunidades e poder transmitir o nosso objetivo de preservar o importante património cinematográfico às gerações mais jovens. Também pretendemos tornar o evento ao ar livre ainda mais resistente a condições climatéricas adversas, como chuvas fortes e ondas de calor, uma vez que estas são preocupações cada vez mais prementes", expressou Dela Faber.

O festival Internacional de Cinema Mudo de Bona termina este domingo.

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