Desde abril de 2023, a guerra no Sudão opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, às Forças de Apoio Rápido (RSF) do seu antigo adjunto, o general Mohammed Hamdane Daglo.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, declarou na quinta-feira que a passagem de Adre, encerrada há vários meses, estava pronta a reabrir, na sequência de um encontro entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o general Al-Burhan.
"O Programa Alimentar Mundial [PAM] das Nações Unidas congratula-se com esta notícia", declarou hoje a porta-voz da organização para o Sudão, Leni Kinzli, numa conferência de imprensa.
Falando através de uma ligação de vídeo a partir de Nairobi, no Quénia, Leni Kinzli disse que o PAM estava "a mobilizar imediatamente alimentos vitais e fornecimentos nutricionais, que serão transportados através do corredor de Adre durante as próximas semanas".
"Precisamos de ver camiões a atravessar esta fronteira todos os dias para garantir um fluxo regular de ajuda à região", afirmou.
Atualmente, "estão a ser carregados dois comboios com cerca de 6.000 toneladas de alimentos e produtos nutricionais para cerca de meio milhão de pessoas", acrescentou.
Kinzli explicou que esta ajuda poderá ser enviada para "as zonas ameaçadas pela fome no norte, centro e oeste do Darfur, logo que sejam recebidas as comunicações oficiais e as autorizações do Governo".
Atualmente, mais de 50 camiões que transportam cerca de 4.800 toneladas de ajuda do PAM - suficiente para cerca de 500.000 pessoas - estão retidos em várias partes do Sudão e não podem chegar ao destino final devido às inundações provocadas pelas fortes chuvas que assolam o país.
A guerra colocou o país à beira da fome e há meses que as organizações humanitárias se queixam da falta de segurança, que as impede de entregar a ajuda humanitária.
"O PAM precisa urgentemente que todos os outros pontos de passagem para o Sudão sejam abertos para que possa utilizar todas as rotas de abastecimento possíveis para entregar a ajuda humanitária", afirmou Kinzli.
Os Estados Unidos convidaram as partes em conflito para participar em conversações esta semana na Suíça, para alargar o acesso humanitário, estabelecer um cessar-fogo e criar um mecanismo de controlo e verificação para garantir a aplicação de qualquer acordo.
Todavia, o exército sudanês recusou-se até agora a participar nas conversações, que começaram em 14 de agosto.
"Iniciámos o terceiro dia de trabalho na Suíça sobre a crise no Sudão. (...) Continuamos os nossos esforços para salvar vidas sudanesas e silenciar as armas. As RSF permanecem aqui, prontas para iniciar as conversações; as SAF (Forças Armadas Sudanesas) devem decidir vir", escreveu o enviado especial norte-americano para o Sudão, Tom Perriello, na rede social X.
O conflito já provocou a deslocação interna de mais de dez milhões de pessoas e devastou as infraestruturas do país.
Ambas as partes beligerantes foram acusadas de crimes de guerra por terem deliberadamente visado civis e bloqueado a ajuda humanitária.
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