Supremo da Rússia mantém três advogados de Navalny em prisão preventiva
O Supremo Tribunal da Rússia decidiu hoje manter em prisão preventiva três advogados do líder da oposição russa Alexei Navalny, que morreu em fevereiro, em circunstâncias suspeitas numa prisão do Ártico.
© Beata Zawrzel/NurPhoto via Getty Images
Mundo Rússia
"O Supremo Tribunal rejeitou o recurso dos advogados Vadim Kobzev, Igor Sergunin e Alexei Liptser", declarou uma porta-voz judicial à agência noticiosa Rapsi.
Os juristas, detidos em outubro de 2023 por "participação numa organização extremista", pediam a alteração da medida cautelar e a transferência do processo dos tribunais da cidade de Vladimir para a capital russa, onde exerciam a sua profissão e residiam de forma permanente antes de serem detidos.
Anteriormente, os três advogados do falecido político da oposição já tinham sido incluídos pelas autoridades russas na sua lista de terroristas e extremistas.
Na mesma lista, encontram-se também outros dois juristas que trabalhavam com Navalny e que agora estão no exílio.
Na passada sexta-feira, os familiares e apoiantes do líder da oposição russa deslocaram-se ao cemitério Borisovo, em Moscovo, para lhe prestar homenagem, seis meses após a sua morte na prisão.
Segundo informou na semana passada a viúva de Navalny, Yulia, meio ano depois da morte do marido, as autoridades concluíram que morreu devido a uma arritmia cardíaca.
"A morte foi o resultado de... arritmia. E digam-me, como é que encontraram essa arritmia durante a autópsia? É impossível determinar um distúrbio do ritmo cardíaco após a morte, e Alexei não tinha qualquer doença cardíaca quando era vivo", escreveu Yulia Navalnaya no portal da Internet do marido.
Na opinião da viúva da principal figura da oposição russa, o diagnóstico fornecido pelas autoridades é "uma farsa".
"É mais uma tentativa, bastante patética, de esconder que o que aconteceu foi um assassínio", sustentou Navalnaya, depois de, inicialmente, a versão oficial dos serviços penitenciários russos ter sido que o marido morreu após ter-se sentido mal durante uma caminhada e de, depois, terem sustentado que a sua morte ocorrera em consequência da formação de um coágulo sanguíneo.
Navalny, que sobreviveu a uma tentativa de envenenamento com o agente químico neurotóxico Novichok em 2020, morreu em fevereiro em circunstâncias suspeitas, aos 47 anos, numa prisão de segurança máxima na Sibéria, a colónia penal IK-3, para onde fora transferido em dezembro de 2023, para cumprir uma pena de 19 anos a que fora condenado pelo seu ativismo político, segundo defensores dos direitos humanos.
De acordo com Vladimir Osechkin, ativista russo e fundador do grupo de direitos humanos Gulagu.net citado pelo diário britânico The Times, Alexei Navalny foi morto com um método que é "marca registada do KGB (serviços secretos soviéticos)": a técnica do soco no coração, após exposição de várias horas às temperaturas negativas siberianas, numa cela solitária ao ar livre, e depois de as câmaras de segurança terem sido desligadas.
"Penso que, primeiro, eles destruíram o seu corpo, ao deixá-lo ao frio durante muito tempo e reduzindo ao mínimo a circulação sanguínea [o que torna] muito fácil matar alguém em segundos", afirmou Osechkin, citando uma fonte da colónia penal IK-3 e explicando que um soco no peito é fatal após uma exposição tão longa a temperaturas que, na Sibéria, atingem 27 graus negativos, razão pela qual os reclusos não podem, habitualmente, estar mais de uma hora ao ar livre.
Segundo o ativista, outros prisioneiros já foram mortos por este método naquela colónia penal russa.
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