Segundo o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, a decisão do Governo de Ortega "é profundamente alarmante, num país atormentado por uma erosão do espaço cívico e por restrições injustificadas à liberdade religiosa".
O Governo da Nicarágua justifica o fecho na segunda-feira das 1.500 ONG, incluindo a Cruz Vermelha, com a alegação de que "não declararam" contas por períodos que variam de um a 35 anos. Os seus bens serão confiscados pelo Estado.
Trata-se do encerramento de ONG mais significativo decretado pelo Governo do Presidente Daniel Ortega, elevando para mais de 5.100 o número de organizações civis dissolvidas desde 2018.
Entre as ONG encerradas incluem-se sobretudo organizações religiosas, mas também associações de solidariedade, desportivas, indígenas e de veteranos do regime sandinista.
Um grande número de organizações da sociedade civil ainda em funções "optou pela autocensura ou dissolução face às leis restritivas que limitam as suas atividades", segundo a ONU.
Daniel Ortega, 78 anos, foi reeleito para um quarto mandato consecutivo em novembro de 2021, num escrutínio não reconhecido pelos Estados Unidos, União Europeia e organismos internacionais.
Ortega acusa a Igreja de ter apoiado as manifestações antigovernamentais de 2018.
Desde o início do corrente mês, mais de uma dezena de padres foram presos e a maioria expulsa para o Vaticano.
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