Noa Argamani, a jovem de 26 anos que esteve refém do Hamas, confessou, esta quarta-feira, que "não acreditava que estava viva" até ter sido resgatada pelas tropas israelitas, durante uma operação em Nuseirat, a 8 de junho.
"Todas as noites adormecia e pensava: ‘Esta pode ser a última noite da minha vida.’ E até ter sido resgatada, não acreditava que ainda estava viva. É um milagre estar aqui. É um milagre porque sobrevivi ao 7 de outubro, sobrevivi aos bombardeamentos e sobrevivi ao resgate", disse, diante de diplomatas israelitas e de representantes de países do G7, durante uma visita ao pai, no Japão.
Noa, que foi separada do namorado durante o rapto, Avinatan Or, salientou ainda ser necessário resgatar os restantes reféns "antes que seja tarde demais", segundo a AFP.
"Avinatan, o meu namorado, ainda lá está, e temos de os trazer de volta antes que seja tarde demais. Não queremos perder mais pessoas do que as que já perdemos", disse.
A jovem detalhou que, durante os oito meses em que esteve refém, só pôde tomar duche duas vezes por mês, tendo sido levada para várias localizações, incluindo túneis.
"Perdi muito peso... Bebíamos menos de meio litro de água por dia, e havia dias em que [não nos era permitido] beber nada", disse.
Para lidar com a situação, Noa procurou recordar "tudo o que gostava de fazer" nos seus tempos livres.
"Mas é muito difícil lembrar-me disto a toda a hora. Porque há noites e dias em que estamos sempre a ouvir os bombardeamentos e pensamos que vai ser o nosso último dia", disse.
Noa Argamani foi resgatada no mesmo dia que Almog Meir Jan, de 21 anos, Andrey Kozlov, de 27 anos, e Shlomi Ziv, de 40 anos, numa operação que, segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, foi "preparada ao longo de várias semanas".
Os reféns, que foram sequestrados do festival de música Supernova, a 7 de outubro, estavam detidos nas casas de famílias associadas ao Hamas.
As autoridades consideraram que o resgate de Noa, que estava separada dos três homens, foi relativamente tranquilo, mas ressalvaram que um grande tiroteio eclodiu na casa onde Meir Jan, Kozlov e Ziv estavam cativos. Nesse incidente, o inspetor-chefe Arnon Zmora ficou gravemente ferido e acabou por morrer.
Além disso, o Hamas deu conta de que pelo menos 274 pessoas foram mortas durante a operação israelita, número que inclui combatentes e civis.
De facto, o exército israelita reconheceu que matou civis palestinianos, ainda que tenha atribuído responsabilidade ao Hamas.
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