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Novo embaixador israelita trata palestiniano como "terrorista de fato"

O novo embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, estreou-se hoje com um discurso perante o Conselho de Segurança com um ataque ao homólogo palestiniano, Riyad Mansour, descrevendo-o como um "terrorista de fato".

Novo embaixador israelita trata palestiniano como "terrorista de fato"
Notícias ao Minuto

21:37 - 22/08/24 por Lusa

Mundo ONU

"Senhor Mansour, se não condena o [movimento islamita palestiniano] Hamas, é um deles. Não representa o povo palestiniano. Senhor Mansour, o senhor é um terrorista [vestido] de fato", disse Danon ao representante da Palestina, a apenas um metro dele e que permaneceu imperturbável, segundo a agência EFE.

 

Danon recorreu a ataques pessoais contra Mansour em diversas ocasiões, como quando disse: "Vejo que o representante da Autoridade Palestiniana ainda está aqui. Está sentado naquela cadeira há 20 anos... Passou duas décadas neste lugar a propor resoluções que alimentam o caos e a divisão, [mas] não conseguiu absolutamente nada além de incitar o ódio e a violência enquanto clamava pela paz".

Danon já foi embaixador em Nova Iorque entre 2015 e 2020 e existia alguma expectativa se iria manter o tom belicoso do seu antecessor, Gilad Erdan, que, desde o ataque do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro, que desencadeou o atual conflito na Faixa de Gaza, usou nas Nações Unidas uma estrela de David alusiva ao Holocausto e destruiu a carta fundadora da ONU com uma trituradora de papel.

Nesse sentido, Danon não desiludiu hoje ao utilizar o seu palco para atacar não só o seu colega palestiniano, mas a ONU em geral, as suas agências e o próprio Conselho de Segurança, que, argumentou, se aproveita "dos atores mais vis do mundo para expressar o seu ódio contra os judeus e Israel".

A sessão de hoje serviu também para o embaixador palestiniano convidar o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e os países membros do Conselho de Segurança a visitar a Faixa de Gaza e apoiar o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, na sua intenção de liderar esta deslocação.

Para Mansour, uma visita de Guterres permitir-lhe-ia "ver em primeira mão os horrores que o povo palestiniano está a sofrer e apoiá-los", defendeu.

"Se vocês não vão decidir sobre um cessar-fogo, vamos todos juntos à Faixa de Gaza e tentemos impor esse cessar-fogo por parte dos nossos presidentes como líderes mundiais", disse Mansour dirigindo-se aos outros representantes, referindo-se a Abbas, a Guterres e ao presidente do Conselho de Segurança.

Mais tarde, questionado sobre a possibilidade de Guterres visitar a Faixa de Gaza, o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, não a descartou e lembrou que o antigo primeiro-ministro português já esteve noutros cenários de guerra, como quando visitou Kiev em 2023.

A estreia do embaixador israelita acontece num momento de impasse nas negociações indiretas sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, mediadas por Estados Unidos, Egito e Qatar.

Louisa Baxter, médica da ONG Save The Children em Gaza, descreveu perante o Conselho de Segurança da ONU o "profundo trauma" das crianças palestinianas e pediu medidas para parar o conflito, incluindo o bloqueio ao envio de armas, e que entrem no enclave vacinas para a poliomielite e ajuda humanitária.

Numa intervenção por videoconferência a partir do território ocupado, Baxter denunciou a "obstrução intencional" à ajuda humanitária por Israel, assim como graves abusos, incluindo relatos de violência sexual e até violações por militares israelitas, além de negação de comida, ataques de cães e espancamento de familiares.

"Fora desta sala (...) estou cercada por uma destruição esmagadora. Mais de 1,9 milhões de pessoas estão deslocadas e deambulam pelas ruas cheias de escombros, lixo e águas residuais; os corpos de pelo menos 10.000 pessoas, muitas delas crianças, continuam perdidos nos escombros", disse a organização.

O conflito foi desencadeado em 07 de outubro por um ataque sem precedentes do Hamas, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de pessoas levadas como reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou acima de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

Leia Também: Israel diz ter encontrado explosivos em sacos de agência da ONU

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