Educação é "desafio eterno" e "pesado" em Timor-Leste
O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, afirmou que a educação em Timor-Leste é um "desafio eterno" e "pesado", mas defendeu que é preciso haver mais "qualidade".
© Lusa
Mundo Xanana Gusmão
"Quando se fala de saúde e educação podemos afirmar, com a certeza absoluta, de que são desafios eternos, não são desafios temporários", disse o chefe do Governo timorense, em entrevista à Lusa a propósito dos 25 anos do referendo que levou à independência de Timor-Leste, que se assinalam em 30 de agosto.
Salientando que cabe a cada Governo "manter o ritmo e melhorar" e lamentando que o país tenha ficado um "bocado parado" nos últimos seis anos, Xanana Gusmão disse que o seu executivo decidiu dar "mais qualidade à educação".
"O nosso problema na educação é um problema muito particular em relação aos países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]. O domínio do português foi interrompido por 24 anos e era proibido e quem sabia um bocado de português era morto para não criar uma sociedade com tendências", recordou Xanana Gusmão, referindo-se à ocupação Indonésia.
Por isso, disse, a educação em Timor-Leste é um desafio "muito mais pesado" do que em outros países da CPLP e exige mais esforço e qualidade, quer no ensino de base e universitário, quer na formação de professores em língua portuguesa.
"Não é fácil. O problema de fazer uma estrada ou uma ponte às vezes é mais fácil do que o problema da educação", disse, salientando que há muitos jovens a quererem aprender a língua portuguesa.
Dados do Instituto Nacional de Estatística de Timor-Leste referem que em 2022 havia mais de 287 mil crianças no ensino básico, mais de 64 mil no ensino secundário e 11.871 no ensino técnico-profissional. O ensino universitário era frequentado, em 2022, por cerca de 14.000 alunos.
Questionado sobre a saída de jovens do país à procura de melhores condições de vida, o chefe do executivo timorense destacou os acordos de trabalho sazonal com o Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
"Têm ajudado a reduzir o desemprego em Timor e têm ajudado os jovens a mandar dinheiro para as famílias, mas esta não é uma solução para combater o desemprego", disse.
Segundo dados do Banco Mundial, divulgados no relatório semestral das previsões económicas, 30% da população timorense nem trabalha, nem estuda.
Xanana Gusmão destacou que o Governo está a considerar várias questões para preparar a juventude, nomeadamente no ensino profissional em áreas como a hotelaria, construção, carpintaria e no setor do petróleo, bem como na agricultura.
"A agricultura está baseada na agricultura familiar e há uma necessidade de investir em termos de motivação, de capacitação para que a agricultura venha a ser uma agricultura empresarial", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando que é preciso "orientar" os jovens para aquele setor.
"Agora compramos tudo, importamos tudo e é nesse sentido que estamos a tentar incrementar a produção e tentar ver se apoiamos micro, pequenas e médias empresas", disse.
Quando se faz assim, "o benefício vai ao produtor, vai à população que produz" e que "pode receber os benefícios do desenvolvimento", disse Xanana Gusmão, acrescentando que se Timor-Leste continuar a comprar tudo fora são milhões de dólares que saem do país.
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