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França. Nova Frente Popular recusa reuniões de Macron para nomear governo

Os partidos de esquerda da Nova Frente Popular (NFP) rejeitam participar nas novas reuniões anunciadas para hoje pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, após a sua recusa em nomear a candidata da coligação, Lucie Castets, como primeira-ministra.

França. Nova Frente Popular recusa reuniões de Macron para nomear governo
Notícias ao Minuto

11:34 - 27/08/24 por Lusa

Mundo França

"Não voltaremos ao Eliseu se não se tratar de discutir os termos de uma coabitação (...). Caso contrário, já dissemos tudo um ao outro", disse Lucie Castets em entrevista à rádio France Inter.

 

A representante da NFP, que se disse "muito zangada, muito preocupada" com a democracia, que considera encontrar-se "num estado preocupante", reiterou que é "fundamental que as pessoas se mobilizem hoje".

O Presidente francês convocou eleições antecipadas "sem consulta, algo que ninguém compreendeu", e mais de um mês depois "diz aos franceses que foi inútil, que votaram mal", afirmou a candidata.

"Seremos capazes de trabalhar com os outros, de chegar a um compromisso, porque se não o fizermos, sabemos que a sanção democrática será a censura", referiu Lucie Castets, em resposta aos partidos de oposição que ameaçam censurar um governo de esquerda.

Lucie Castets prometeu ainda fazer a sua parte para continuar a encarnar a "união da esquerda", que inclui a França Insubmissa (LFI, esquerda radical), os socialistas, os ecologistas e os comunistas, considerando que é "extremamente problemático descartar a LFI" (partido de esquerda radical).

O LFI, enquanto maior força política no seio da NFP, tem sido contestado por todos os partidos da oposição, que consideram que o seu programa pode destabilizar o país e veem uma figura muito divisiva no seu fundador, Jean-Luc Mélenchon, que pode assumir um lugar de liderança no governo.

"A decisão de Emmanuel Macron não corresponde de todo à lógica das instituições e à lógica democrática", acrescentou Castets.

Também os socialistas e os ecologistas adiantaram hoje a sua recusa em participar nas consultas.

"Recuso-me a ser cúmplice de uma paródia de democracia", afirmou o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, numa entrevista ao canal de televisão France 2.

"O que está realmente a acontecer (...) é que [Emmanuel Macron] não quer que o programa da Nova Frente Popular seja implementado, que revoguemos a reforma das pensões" do ano passado, acrescentou.

Olivier Faure classificou como "um problema democrático" o Presidente francês recusar-se a nomear um primeiro-ministro do bloco político que obteve o maior número de deputados eleitos nas eleições legislativas de 07 de julho.

Já a secretária-geral do partido ecologista EELV, Marine Tondelier, acusou Macron de estar a fazer "uma deriva iliberal" por se recusar a dar as chaves do governo ao bloco político com mais assentos na Assembleia Nacional, numa entrevista para a rádio pública FranceInfo.

Marine Tondelier anunciou ainda que vão convocar "mobilizações" de protesto, embora tenha sublinhado que serão "pacíficas".

Também a LFI apelou a uma "grande mobilização face ao golpe de Macron" e à "excecional gravidade da situação" para o dia 07 de setembro, segundo um comunicado publicado nas suas redes sociais.

A LFI declarou que se "junta ao apelo das organizações juvenis, da União dos Estudantes e da União do Ensino Secundário" e espera que "as forças políticas, sindicais e associativas empenhadas na defesa da democracia se juntem".

O Eliseu anunciou no final da tarde de segunda-feira que, após o fim das consultas políticas com os líderes dos principais partidos parlamentares, Macron não nomearia Lucie Castets e retomaria hoje as reuniões com os partidos.

No entanto, fontes do Eliseu deixaram claro que nem a LFI nem o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, União Nacional (RN, sigla em francês), e os seus aliados - considerados fora do campo republicano - seriam convidados para a nova ronda de consultas.

Um dos principais aliados de Macron, o líder do partido centrista MoDem, François Bayrou, garantiu que a situação atual do país "não é de um impasse total".

François Bayrou justificou a recusa de Macron em nomear um primeiro-ministro de esquerda com o facto de, segundo o campo presidencial, o programa da coligação NFP ser, na realidade, o programa da LFI.

Leia Também: Macron exclui governo "unicamente" da Nova Frente Popular em França

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