Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que uma embarcação da Guardia Civil espanhola terá abalroado uma pequena lancha para intercetar quatro migrantes, nas águas de Melilla, um enclave espanhol em Marrocos.

Após o incidente, que ocorreu no domingo, a associação Rodas Solidárias de Melilla exigiu uma investigação sobre o sucedido e exigiu que fosse revelado o número de migrantes que viajavam no barco, quantos deles foram resgatados, o seu estado de saúde, o seu paradeiro e "se foram devolvidos ilegalmente a Marrocos", revelou a agência de notícias espanhola Efe.

A associação questionou ainda se, caso não tenham sido devolvidos ao país magrebino, os migrantes irão receber assistência jurídica.

"O Estado espanhol tem a obrigação de proporcionar as condições adequadas para realizar avaliações individuais e exaustivas de cada situação, a fim de assegurar as eventuais situações de vulnerabilidade de que são vítimas as pessoas e os potenciais requerentes de asilo", afirma a associação, que quer deixar claro que ‘qualquer retorno" que seja "enquadrado na ilegalidade" é uma "violação dos direitos humanos".

Ainda de acordo com a associação, os banhistas que testemunharam o incidente e o gravaram no telemóvel foram abordados pelos agentes da Guardia Civil "para os instar a apagar qualquer prova gráfica que pudessem ter dos acontecimentos".

"Há ainda demasiadas perguntas que precisam de ser respondidas e, no meio delas, algumas certezas: a atuação repudiável do Estado em plena luz do dia e aos olhos do público, e a cumplicidade e irresponsabilidade dos meios de comunicação social ao seu serviço", conclui o comunicado da Rodas Solidárias, citado pela Efe.

Na segunda-feira, a Guardia Civil e a Delegação do Governo em Melilla asseguraram que o incidente não provocou quaisquer ferimentos, apesar de as imagens mostrarem uma pessoa a cair à água. 

O Ministério do Interior espanhol também já veio afirmar que não irá abrir uma investigação ao caso, segundo a Europa Press.

Pode ver o vídeo na galeria acima.

De acordo com as autoridades espanholas, milhares de migrantes, incluindo centenas de jovens, tentaram nos últimos dias nadar da costa de Marrocos até à cidade autónoma de Ceuta para escapar aos controlos fronteiriços.

O enclave registou a chegada de 1.622 migrantes entre janeiro e meados de agosto, em comparação com apenas 620 no mesmo período do ano passado, de acordo com as estatísticas divulgadas pelo Ministério do Interior espanhol.

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