Aquele que é, até ao momento, o único debate presidencial agendado entre o ex-chefe de Estado e a atual vice-presidente acontece numa temporada eleitoral vista como a mais incomum da história moderna, com Trump considerado culpado de 34 acusações criminais e após o atual Presidente e ex-candidato democrata, Joe Biden, ter desistido da recandidatura após uma forte pressão por parte do próprio partido.
Biden e Trump já haviam debatido em 27 de junho, no estúdio do canal CNN em Atlanta, num confronto marcado por regras incomuns: debateram sem público - visando evitar intervenções de apoiantes; e tiveram os microfones silenciados para evitar conversas cruzadas e interrupções entre os turnos do debate - uma situação que já havia afetado o primeiro confronto de Biden e Trump num debate presidencial em 2020.
Agora, Biden já não está a concorrer à Presidência e as campanhas de Kamala Harris e Donald Trump discordam da regra do silenciamento dos microfones enquanto o adversário tiver a palavra.
A candidata democrata, que está na liderança nas intenções de voto em todo o país após a desistência de Biden, acredita que "os microfones de ambos os candidatos devem estar ligados durante toda a transmissão" - como historicamente tem sido o caso em debates presidenciais -, disse Brian Fallon, consultor de comunicações da campanha de Harris, num comunicado na segunda-feira.
"O nosso entendimento é que os assessores de Trump preferem o microfone sem som porque não acham que o seu candidato conseguiria agir de forma presidencial por 90 minutos sozinho", acrescentou Fallon.
Já Donald Trump garantiu na segunda-feira não se importar com o estado dos microfones, mas frisou que "o acordo era que seria igual" ao do último debate, pelo que o microfone do candidato que não tinha a palavra estaria silenciado.
"Chega de jogos. Aceitamos o debate da ABC sob os mesmos termos do debate da CNN", disse Jason Miller, um conselheiro da campanha de Trump, em comunicado.
A campanha de Kamala Harris pediu ao canal ABC uma mudança na regra do microfone para ter direito de resposta imediata, uma ferramenta que poderia ser especialmente útil para contestar alguma falsa informação em tempo real que fosse dita ao longo do debate.
De acordo com a CNN, no debate de 27 de junho, Trump fez cerca de 30 falsas afirmações, contra nove de Biden.
Na segunda-feira, Donald Trump chegou mesmo a colocar em causa a sua participação no debate com a rival democrata no canal ABC, criticando a "hostilidade" da rede televisiva para com os conservadores e o facto de estar a ser contemplada uma mudança nas regras.
Caso as regras do debate de 10 de setembro sejam exatamente iguais às de 27 de junho, o evento também não contará com declarações de abertura dos candidatos, avançando diretamente para as perguntas dos moderadores, e não serão permitidos adereços ou notas pré-escritas no palco.
Os candidatos receberão apenas uma caneta, um bloco de papel e uma garrafa de água e terão apenas os dois intervalos comerciais para se atualizar, mas não poderão conversar com a sua equipa de campanha durante esse período.
A campanha democrata assegurou que as três partes do debate - Trump, Harris e a ABC - concordaram com um debate em que os candidatos ficarão de pé e sem recurso a notas.
O debate de 10 de setembro foi marcado antes mesmo de Biden renunciar à sua candidatura. Mais tarde, Trump propôs três debates: a 04 de setembro na Fox News, 10 de setembro na ABC e 25 de setembro na NBC News, mas os democratas apenas aceitaram o inicialmente acordado.
O fraco desempenho de Joe Biden no primeiro debate presidencial deste ano - e a sua consequente desistência no mês passado - evidenciou a capacidade que os debates têm de moldar a corrida à Casa Branca e de abalar rapidamente uma corrida presidencial.
Harris continua na liderança nas intenções de voto em todo o país, com vantagem de 3,4 pontos percentuais. Segundo a média dos levantamentos elaborada pelo 'site' FiveThirtyEight, 47,1% dos eleitores optam pela democrata e 43,7% por Trump.
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