Repórteres sem Fronteiras quer inquérito "independente" a morte de jornalista
A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apelou hoje a um inquérito "independente" à morte de um jornalista da Al Jazeera em Gaza em julho, caracterizada pela cadeia televisiva como um "assassínio a sangue frio".
© Alain Pitton/NurPhoto via Getty Images
Mundo Médio Oriente
A 31 de julho, a Al Jazeera anunciou a morte de dois dos seus jornalistas, o correspondente Ismail al-Ghoul e o operador de câmara Rami al-Refee, num ataque aéreo na Faixa de Gaza, e posteriormente o exército israelita e o Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, afirmaram que o alvo "eliminado" pela "força aérea" era "um membro da ala militar do Hamas e um terrorista" que tinha "participado no massacre de 07 de outubro", o que foi negado pela cadeia financiada pelo governo do Qatar.
Numa investigação publicada hoje, a RSF notou a dificuldade em autenticar o documento utilizado pelo exército para provar a ligação do jornalista ao movimento islamita palestiniano: uma captura de ecrã de uma lista de nomes encontrada, segundo o exército israelita, "nos computadores do Hamas".
Além da falta de "provas materiais comprovadas", a ONG também levantou "várias inconsistências nas alegações fornecidas" pelo exército israelita, como a data do suposto recrutamento de Ismail al-Ghoul pelo Hamas.
"Não é a primeira vez que este tipo de acusação, sem qualquer prova fundamentada (...), é utilizada contra jornalistas", criticou a RSF, citando dois outros funcionários da Al Jazeera mortos em janeiro na Faixa de Gaza e qualificados pelo exército israelita como "agentes terroristas".
A ONG "exige que todos os factos sejam esclarecidos de forma independente e que Israel deixe de visar os jornalistas", segundo Rebecca Vincent, da RSF, recordando que "não foi reconhecido ou dada explicações para o assassinato do operador de câmara" que trabalhava com Ismail al-Ghoul.
Segundo a RSF, "mais de 130 profissionais da comunicação social foram mortos em Gaza pelo exército israelita desde 07 de outubro, incluindo pelo menos 31 no exercício das suas funções".
A ONG apresentou três queixas ao Tribunal Penal Internacional por "crimes de guerra cometidos por Israel contra jornalistas".
Há vários anos que as autoridades israelitas criticam publicamente a cobertura noticiosa da Al Jazeera em Israel e nos Territórios Palestinianos, estando proibida de operar e emitir em Israel desde maio.
O conflito em curso na Faixa de Gaza iniciou-se em outubro do ano passado, quando os islamitas palestinianos do Hamas lançaram um ataque ao território israelita que causou cerca de 1.200 mortos e perto de 200 reféns.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala contra a Faixa de Gaza que, até agora, causou mais de 40.600 mortos e quase 94.000 feridos, segundo o balanço mais recente das autoridades locais do enclave controlado pelo Hamas.
Leia Também: Jornalista russo condenado por "informações falsas" sobre exército
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com