Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano adiantou que, por instruções do vice-primeiro-ministro e chefe de diplomacia, Antonio Tajani, convocou a encarregada de negócios da embaixada da Venezuela em Roma, Maria Elena Uzzo, para um encontro no qual lhe foi transmitido que "o ministro, o Governo e as forças parlamentares italianas continuam a acompanhar a crise decorrente das eleições de 28 de julho, reiterando o pedido de publicação das atas eleitorais e da sua imediata verificação independente".
Durante o encontro, a Itália também "condenou veementemente a notícia do mandado de detenção contra Edmundo Gonzalez Urrutia, candidato presidencial da oposição", prossegue o comunicado, assinalando que Tajani reiterou igualmente o pedido de libertação dos presos políticos", alguns dos quais de nacionalidade italiana.
Citado no comunicado, Antonio Tajani deplora o que classifica como "uma tentativa de sufocar a liberdade na Venezuela", defendeu a "necessidade absoluta de respeitar o voto democrático, violado pelas numerosas manipulações registadas pelos observadores eleitorais independentes" e instou as autoridades venezuelanas a publicarem os resultados das eleições, sublinhando que "o povo venezuelano tem o direito de decidir livremente o seu próprio destino".
A 22 de agosto, o Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, controlado por juízes fiéis ao regime, declarou o Presidente Nicolás Maduro vencedor das presidenciais -- uma declaração rejeitada pela oposição e por numerosos países, que pedem que sejam divulgados os resultados eleitorais detalhados.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português caracterizou hoje como "muito preocupante" a ordem de detenção emitida contra Edmundo González Urrutia, líder da oposição na Venezuela.
"A ordem de detenção emitida contra Edmundo González Urrutia é muito preocupante. Atenta contra os direitos fundamentais e representa um sério revés na procura de uma solução democrática, pacífica e duradoura, que permita a normalização da vida política venezuelana", lê-se numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
Nove países da América Latina também criticaram hoje a ordem de detenção, referindo estar em curso uma "perseguição política".
"Este mandado de detenção cita vários alegados crimes que não são mais do que mais uma tentativa de silenciar o senhor González [e] ignorar a vontade popular venezuelana", indica um comunicado emitido pelos nove países.
O texto é subscrito por Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
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