O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, esta terça-feira, que irá "antecipar o Natal" para 1 de outubro como "agradecimento ao povo lutador". A medida surge no meio de uma crise política provocada pelas eleições presidenciais do passado dia 28 de julho.
"Estamos em setembro e já cheira a Natal. Como agradecimento ao povo lutador, vou antecipar o Natal para 1 de outubro por decreto", disse Maduro numa intervenção na televisão venezuelana.
Maduro, no poder há 11 anos, prometeu ainda a todos os venezuelanos um Natal de "paz, felicidade e segurança".
Esta não é a primeira vez que o presidente venezuelano recorre a esta medida invulgar para desviar as atenções dos problemas do país, segundo recorda o jornal The Guardian. Fê-lo em 2020, em plena pandemia de Covid-19, quando decidiu antecipar o natal para 15 de outubro e, no ano seguinte, para 4 de outubro.
Um dia após decretar a prisão do legítimo vencedor das eleições presidenciais, o ditador Nicolás Maduro decretou que o Natal mudou de data na Venezuela, passando agora a ser comemorado no país no dia 1 de Outubro. pic.twitter.com/e38TArQKMR
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) September 3, 2024
"Na passada sexta-feira, 30 de agosto, durante o ataque mais forte contra o Sistema Elétrico Nacional [um apagão que afetou cerca de 80% do território venezuelano], o povo venezuelano deu uma bela demonstração aos fascistas e o povo saiu e foi trabalhar", sublinhou esta segunda-feira o líder bolivariano.
"O ataque elétrico criminoso fez parar a economia. Eles não conseguiram. O povo continuou a trabalhar, a laborar, e com o apoio da classe trabalhadora e do sindicato da polícia cívico-militar, garantimos a paz absoluta, conseguimos recuperar em tempo recorde de um dos golpes mais mortíferos contra a pátria", comentou ainda no seu programa na televisão venezuelana.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
[Notícia atualizada às 23h16]
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