Em conferência de imprensa, o diretor da polícia de Victoria, Shane Patton, disse que 39 manifestantes foram detidos e serão acusados de crimes como obstrução à justiça e fogo posto intencional.

Patton acrescentou que 29 agentes da polícia ficaram feridos durante os confrontos com 1.000 a 2.000 manifestantes, defendendo a ação da polícia.

Os manifestantes, alguns com lenços de cabeça palestinianos, queimaram alguns contentores à volta da Exposição Internacional de Defesa Terrestre, de acordo com a estação estatal australiana ABC.

No meio dos confrontos, os manifestantes, convocados pelos grupos Students for Palestine e Disrupt Wars, tentaram bloquear o caminho dos participantes na exposição que protestavam contra a venda de armas e a invasão de Israel ao enclave palestiniano de Gaza.

A emissora estatal australiana ABC informou que a situação acalmou após os confrontos iniciais entre a polícia e os ativistas terem reduzido a sua presença de alguns milhares para centenas.

"O que estamos a tentar conseguir é perturbar uma conferência dedicada à glorificação e venda de armas", disse à ABC James McVica, membro da Students for Palestine, que esteve presente no protesto.

"Os verdadeiros perturbadores, os verdadeiros opositores da paz são as pessoas reunidas naquela sala", acrescentou McVica.

Numa entrevista à Seven Network, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, defendeu hoje a liberdade de manifestação, mas criticou os que atiraram objetos à polícia.

"Os cidadãos têm o direito de protestar pacificamente, mas podem dizer que se opõem ao equipamento de defesa sem atirar objetos à polícia. Eles têm um trabalho a fazer e a nossa polícia deve ser respeitada em todos os momentos", disse Albanese.

Entretanto, várias ONG, incluindo a Amnistia Internacional, e partidos políticos da oposição criticaram a resposta das autoridades.

A líder regional do partido os Verdes, Ellen Sandell, solicitou numa declaração que o Parlamento de Victoria abrisse um inquérito sobre o uso excessivo da força por parte das autoridades, que alegadamente utilizaram gás pimenta, balas de borracha e granadas de atordoamento, bem como cargas da polícia montada.

"Esta é a décima quarta vez este ano que a polícia de Victoria utiliza gás pimenta contra manifestantes pacíficos. Anteriormente, crianças de apenas oito anos de idade foram afetadas pelo uso de gás pimenta em protestos", informa o Melbourne Activist Legal Support.

Os manifestantes deverão continuar a protestar contra a exposição de defesa, que decorre até sexta-feira desta semana.

Leia Também: Austrália quer fixar idade mínima para usar 'redes' (entre 14 e 16 anos)