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Luta contra "distorção" de Taiwan exige vigiar 20 milhões de publicações

Contra uma constante "distorção da realidade" através de desinformação que apresenta Taiwan como precisando de "ser salvo" pela China, um grupo cívico de 10 peritos verifica diariamente 20 milhões de publicações digitais.

Luta contra "distorção" de Taiwan exige vigiar 20 milhões de publicações
Notícias ao Minuto

08:23 - 13/09/24 por Lusa

Mundo Taiwan

Chihhao Yu é co-diretor do IORG (Taiwan Information Environment Research Centre) e garante que "há manipulação para distorcer a realidade" do território democrático, cuja soberania a China comunista reivindica. A desinformação é fruto de estratégias para os meios digitais que visam reduzir a legitimidade democrática de Taiwan, e simultaneamente a sua resistência à autocracia.

 

Numa apresentação feita em Taipé, onde a Lusa participou, o especialista categorizou as "ameaças" pelo lado da República Popular da China, começando pelas definidas como "híbridas e persistentes", nas quais se incluem "intimidação militar", "coerção económica" ou "manipulação de informação". As ameaças relacionadas com "incentivo e punição" estão relacionadas com destinatários que vão desde agricultores a artistas.

No seu trabalho, o IORG tem mapeado os atores principais de manipulação de informação e identificou 600 narrativas, sendo quatro as principais estratégias: "desacreditar a democracia taiwanesa", "desacreditar os aliados" da ilha, assim como dividir o público de Taiwan e "glorificar" o vizinho chinês.

China e Taiwan estão separadas desde 1949, altura em que a China se tornou comunista após uma guerra civil.

O 'gigante' asiático tem procurado excluir a ilha dos fóruns internacionais, considerando o território democrático como uma das suas províncias, sem excluir a opção militar para a reunificação dos dois lados do estreito de Taiwan.

Além do seu papel de vigilância, o IORG colabora com escolas e mais recentemente com psicólogos e neurocientistas, para avaliar os efeitos da manipulação

Na lista de narrativas usadas estão, segundo Chihhao Yu, as acusações de fraude e a divulgação de sondagens falsas sobre as eleições do início do ano, que determinaram a permanência dos progressistas DPP no poder, pela mão do agora presidente William Lai, apelidado por Pequim como "perigoso separatista".

Mas também há ataques aos Estados Unidos e ao Japão, neste caso recorrendo a "animosidade histórica", recuperando as "ações antes e durante a 2ª guerra mundial", enquanto se divulgam também acusações contra o DPP e se "instalam vozes pró-República Popular da China apresentadas como as verdadeiras de Taiwan".

O símbolo verde do DPP está também a servir para a narrativa do "terror verde" de forma a remeter para o "terror branco", referente às quatro décadas entre 1949-1992 e durante o qual regime vigente impôs regras, que se fossem violadas originavam detenções que resultavam em torturas e execuções.

Apresentando um 'top 13' de comentadores televisivos, Chihhao Yu coloca a hipótese de estes se afastarem da crítica natural a governos em democracia e eventualmente colaborarem com Pequim, já que a análise de plataformas mostra serem as caras que mais aparecem nas redes sociais chinesas e cujas declarações são "usadas na imprensa estatal chinesa".

O grupo cívico também notou a disseminação quer de "desumanização" de apoiantes do partido no poder, assim como as oito narrativas deste ano sobre "manipulação acerca da escassez de eletricidade", sob o argumento de haver corrupção na empresa que fornece o serviço.

Com estas narrativas é criada uma "imagem interna para mostrar que os taiwaneses devem ser salvos", acrescentou o responsável do grupo que garante serem vetados financiamentos para manter o IORG independente para detetar narrativas e estratégias.

Nos inquéritos que realizaram, os peritos notam cada vez mais correlações entre quem apoia determinado partido, o aliado internacional que prefere e que grupo de media prefere.

"Há uma clara divisão entre dois grupos e menos nuances", concluiu Chihhao Yu.

Leia Também: Taiwan a "preparar-se para quarentena, bloqueio ou até invasão" da China

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