"Pela primeira vez em França, temos uma primeira rede de negócios lusófona, que vai abraçar a parte francófona de França e os nossos nove países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o que vai permitir, portanto, promover e desenvolver trocas comerciais e económicas", disse a presidente do IMLus, Isabelle de Oliveira em declarações aos jornalistas.
O projeto pretende demonstrar que os países lusófonos são "capazes, também, de dar um impulso e ser uma escapatória ao mundo anglo-saxónico no mundo económico, em que os contratos são todos em inglês" e assim mostrar que se pode negociar na língua portuguesa, segundo a impulsionadora do projeto.
A ideia surgiu "numa sequência lógica", após a inauguração do IMLus em 2017, em que Isabelle de Oliveira, enquanto professora na Universidade de Sorbonne, percebeu o potencial de "criar um ramo económico do Instituto do Mundo Lusófono, que estava mais vocacionado para a parte educacional, cultura e ciência".
Para os restantes meses do ano de arranque, Isabelle de Oliveira e os restantes fundadores do CLE pretendem "fazer networking para as empresas, convidando duas personalidades do mundo lusófono e francófono, que venham do mundo académico, jornalístico, empresarial, político, da diplomacia" para criar sinergias entre ambos.
"E faremos um fórum económico anual, que será sempre num dos países da lusofonia, já posso revelar que, para o ano, será em Portugal", acrescentou.
A inauguração do CLE, que teve lugar no Palácio do Luxemburgo, mais concretamente no salão do restaurante do Senado francês, contou com a presença de várias personalidades do mundo lusófono e de França, como o Senador francês Louis-Jean de Nicolaÿ e o antigo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro, José Manuel Durão Barroso.
O CLE "é um caso concreto de cooperação interessante, por isso é que o apoiei, agora depende do trabalho que fizerem", disse à Lusa Durão Barroso, destacando a presença de empresários e representantes diplomáticos da CPLP e de França, nesta iniciativa.
"Se agora traduzirem na prática esta ideia, que é a ideia de aproveitar a cumplicidade cultural da lusofonia para desenvolver relações económicas, comerciais, de investimento, então os resultados serão bons", afirmou, acrescentando que "há um potencial maior no conceito da CPLP".
Durante a cerimónia, Isabelle de Oliveira nomeou o empresário Dirceu Frederico, exportador de ouro no Brasil, como embaixador do IMLus.
"Nós entendemos o Instituto do Mundo Lusófuno é muito importante para criar uma relação comercial entre os países da língua portuguesa e alguns países da língua portuguesa são grandes produtores de ouro, como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e o Brasil", afirmou Dirceu Frederico em declarações à imprensa.
Para o empresário, que construiu a sua primeira refinaria de ouro aos 23 anos e está no setor há 38 anos, é necessário "ensinar, educar aqueles que extraem ouro para não destruírem a natureza", já que este mineral é cobiçado no mundo, mas acaba por ser discriminado no mundo comercial quando é originário dos países africanos.
"Nós temos grandes problemas, porque o ouro de alguns países não tem rastreadividade, e tem problemas sociais graves", afirmou Dirceu Frederico, após entregar o seu projeto ambiental para ser avaliado pela Universidade de Sorbonne, para que possa ser uma contribuição para os países lusófonos produtores de ouro.
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