Malásia. Responsável de lares admite "sodomia" mas nega abuso de crianças
O diretor do grupo empresarial que detém centros de acolhimento na Malásia onde centenas de crianças foram alegadamente abusadas admitiu hoje "um ou dois casos de sodomia", mas negou as acusações de abuso em massa de crianças.
© Reuters
Mundo Malásia
A polícia da Malásia deteve na quarta-feira 171 suspeitos, incluindo professores de religião e educadores, e transferiu mais de 400 crianças para um local seguro, depois de ter efetuado uma rusga a 20 centros de acolhimento de crianças.
"Houve um ou dois casos de sodomia, mas porquê juntar tudo?", disse o diretor executivo do grupo Global Ikhwan Services and Business Holding (GISBH), Nasiruddin Ali, que gere os albergues e está ligado a uma seita islâmica proibida.
O grupo tinha anteriormente negado todas as alegações de abuso e afirmou mesmo que não geria os albergues.
Mas num vídeo publicado hoje na página de Facebook da empresa, Nasiruddin Ali admitiu que tinha havido violação de certas leis, sem dar pormenores.
Segundo a polícia, bebés, crianças e adolescentes com idades entre 1 e 17 anos podem ter sido vítimas de agressões sexuais e físicas.
Alguns deles poderão também ter sido obrigados a abusar uns dos outros pelo pessoal do centro de acolhimento.
O inspetor-geral da polícia, Razarudin Husain, disse na sexta-feira que o seu departamento estava a considerar a possibilidade de efetuar mais buscas e detenções no âmbito deste caso, que envolve os crimes de abuso sexual, negligência infantil e tráfico humano.
As investigações e os controlos sanitários realizados até à data revelam que pelo menos 13 menores foram vítimas de abusos sexuais, declarou Razarudin numa conferência de imprensa.
O GISBH há muito que é objeto de controvérsia devido às suas ligações com a extinta seita Al-Arqam.
O grupo empresarial foi fundado por Ashaari Mohamad, que chefiou a seita islâmica Al-Arqam -- um culto que foi considerado herético e proibido pelo Governo em 1994. Mohamad morreu em 2010, mas o grupo continuou as suas atividades.
A Global Ikhwan possui minimercados, padarias, restaurantes, farmácias, propriedades e outros negócios em cerca de 20 países. A empresa emprega cerca de 5.000 pessoas.
As crianças internadas nos lares são filhas de funcionários do grupo e muitos não veem os pais há anos, porque estes foram enviados para o estrangeiro para trabalhar. Acredita-se que os menores tenham sido doutrinados desde pequenos para serem leais ao grupo, segundo a polícia.
Segundo a polícia, as crianças foram exploradas para recolher donativos públicos. O caso está a ser investigado pelos crimes de abuso sexual, negligência infantil e tráfico humano.
A Global Ikhwan ganhou destaque em 2011, quando formou um "Clube de Esposas Obedientes" que gerou controvérsia ao ensinar as mulheres a serem "boas no sexo" para evitar que os seus maridos se desviassem.
Os detalhes dos alegados abusos nas casas provocaram indignação e choque na nação, predominantemente muçulmana.
Os ativistas apelaram a que todos os centros infantis fossem regulamentados e vigiados e que o departamento de assistência social reforçasse a fiscalização das instituições religiosas.
A agência das Nações Unidas para a infância (UNICEF) denunciou o "horror inimaginável" com que as vítimas foram confrontadas.
As crianças "necessitarão de apoio médico e psicossocial profissional a longo prazo", declarou Robert Gass, representante da UNICEF na Malásia.
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