"Na África Ocidental e Central, temos cerca de 13,7 milhões de pessoas refugiadas e deslocadas à força. Mas, até ao final do ano, prevemos que este número seja de 14 milhões, e que chegue aos 15 milhões até ao final de 2025", disse hoje o diretor do escritório regional do ACNUR, Abdouraouf Gnon-Kondé, à imprensa numa conferência sobre deslocações forçadas, em Abidjan, Costa do Marfim.
Em 2019, o número de pessoas deslocadas foi estimado em cerca de 6,5 milhões, recordou.
O número hoje apresentado não inclui dados da República Democrática do Congo (RDCongo) - país que faz fronteira com Angola -, que por si só tem pelo menos sete milhões de pessoas deslocadas.
Gnon-Kondé salientou que a situação no Chade é a mais crítica, com "650.000 refugiados" do vizinho Sudão desde abril de 2023 - data que marca o início da guerra neste país.
Antes deste conflito, o Chade - que tem uma população estimada em 17 milhões de habitantes - já tinha cerca de 420.000 refugiados sudaneses no seu território, bem como dezenas de milhares de pessoas provenientes dos seus outros vizinhos em crise de segurança, como a República Centro-Africana, a Nigéria e os Camarões, acrescentou.
"Atualmente, uma em cada 17 pessoas no Chade é refugiada", salientou Gnon-Kondé.
Para além do Chade, a situação no Sahel é igualmente preocupante, com o Mali, o Burkina Faso e o Níger ainda a enfrentarem a violência terrorista, mortal em grandes partes dos seus territórios.
"Há entre 4,5 e cinco milhões de pessoas deslocadas, principalmente deslocados internos, mas também refugiados nos países vizinhos do Golfo da Guiné, na Mauritânia e no sul da Argélia", explicou Gnon-Kondé.
Perante situações em que as pessoas não podem regressar às suas casas, por vezes durante várias décadas, o ACNUR sublinhou a importância de integrar estes refugiados nos programas de desenvolvimento dos países de acolhimento.
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