"Também instamos as partes a regressarem imediatamente ao cessar-fogo e a aplicarem plenamente a resolução 1701 do Conselho de Segurança. A região está à beira de uma catástrofe", declarou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, numa conferência de imprensa.
Dujarric apelou também para que "sejam envidados todos os esforços possíveis" para retomar a via diplomática, sublinhando que a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, tem transmitido de forma insistente estas mensagens aos seus interlocutores no Líbano e em Israel.
Por outro lado, o porta-voz de Guterres explicou que a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) continua "a cumprir o seu mandato em condições extremamente difíceis", para "ajudar a impedir uma maior escalada" do conflito.
"O chefe da missão da ONU, o comandante Aroldo Lázaro, tem estado em constante comunicação com as Forças Armadas libanesas e as Forças de Defesa de Israel para ajudar a evitar qualquer erro de cálculo ao longo da 'linha azul' e para apoiar os esforços de manutenção da paz", acrescentou.
Segundo informações veiculadas pela agência noticiosa estatal libanesa NNA, o bombardeamento em Beirute atingiu um edifício de apartamentos na zona de Dahye, situada no sul de Beirute, de maioria xiita e com forte influência do Hezbollah. As forças israelitas terão disparado quatro mísseis.
Horas depois do ataque, o Exército de Israel finalmente pronunciou-se sobre qual era o alvo do seu ataque: tratava-se de Ibrahim Aqil, por cuja cabeça os Estados Unidos ofereciam uma recompensa de sete milhões de dólares (cerca de 6,3 milhões de euros).
Aqil, conhecido como 'Tahsin', era membro do Conselho da Jihad do Hezbollah, o principal órgão militar do grupo, e fazia parte da Organização da Jihad Islâmica, que reivindicou os atentados de 1983 contra a embaixada dos Estados Unidos em Beirute e uma tomada de reféns na mesma década.
Este bombardeamento israelita surge também no contexto de um aumento dramático das tensões entre Israel e o Hezbollah libanês, após dois dias de explosões coordenadas dos dispositivos de comunicação do grupo - a 17 e 18 de setembro -, ataques atribuídos a Israel que fizeram cerca de 40 mortos e de 3.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço divulgado pelas autoridades libanesas.
Há mais de 11 meses que as forças israelitas e o Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel, nos piores confrontos desde a guerra de 2006, que se intensificaram fortemente este verão, após um ataque que matou 12 crianças nos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1967.
As tensões na região do Médio Oriente aumentaram após o ataque de 07 de outubro de 2023 do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita. Na sequência dessa ofensiva, que fez 2.105 mortos, na maioria civis, e 251 reféns, o Exército israelita iniciou uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza que já fez 41.272 mortos e mais de 95.550 feridos.
A partir do Líbano, o Hezbollah juntou-se aos ataques contra Israel, em solidariedade com a população palestiniana, abrindo assim uma segunda frente de batalha para Israel, na sua fronteira norte.
Leia Também: Hamas condena ataque israelita contra Hezbollah em Beirute