Acidificação dos oceanos é nova "fronteira planetária" a ser ultrapassada
Com a crescente acidificação dos oceanos, o planeta prepara-se para cruzar "inevitavelmente" um novo limiar de alerta que contribui para afetar a estabilidade da Terra, a sua capacidade de resiliência e a sua habitabilidade, de acordo com um relatório.
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Mundo Oceanos
Há quinze anos, os cientistas definiram nove "fronteiras planetárias", limites físicos que a humanidade não deve ultrapassar se quiser permanecer numa "zona segura".
Sob o efeito das atividades humanas, seis destes "limites" já foram ultrapassados nos últimos anos e, segundo um novo relatório do Instituto Potsdam para a investigação do impacto climático (PIK) publicado na segunda-feira, um sétimo, a acidificação dos oceanos, está prestes a ocorrer "num futuro próximo".
Os seis limites amplamente ultrapassados dizem respeito às alterações climáticas, à desflorestação, à perda de biodiversidade, à quantidade de produtos químicos sintéticos (incluindo plásticos), à escassez de água doce e ao equilíbrio do ciclo do nitrogénio (insumos agrícolas).
A situação continua a deteriorar-se, alertaram na segunda-feira os autores do relatório 'Exame de Saúde Planetária', uma avaliação da saúde do planeta que será agora atualizada todos os anos.
No que diz respeito à acidificação, esta está ligada à absorção de dióxido de carbono (CO2) pelos oceanos: enquanto as emissões deste gás com efeito de estufa continuam a aumentar, a água do mar vê o seu pH diminuir e torna-se prejudicial para muitos organismos (corais, conchas, plânctones, etc.) e, em última análise, toda a cadeia alimentar marinha, fenómeno que, por sua vez, também reduz a capacidade de absorção de CO2.
"Mesmo que as emissões sejam reduzidas rapidamente, algum nível de acidificação contínua pode ser inevitável devido ao CO2 já emitido e ao tempo de resposta do sistema oceânico", explicou Boris Sakschewski, um dos principais autores do relatório.
"Portanto, ultrapassar o 'limite' de acidificação dos oceanos parece inevitável nos próximos anos", acrescentou este investigador do PIK.
Muito abaixo do limiar de alerta, apenas encontramos o estado da camada de ozono, que tem vindo a recuperar desde a proibição de substâncias nocivas em 1987. Esta recuperação deverá demorar mais algumas décadas, observou o relatório.
Por último, um nono elemento -- a concentração de partículas finas na atmosfera -- está próximo do limiar de alerta, mas apresenta sinais de melhoria graças às medidas tomadas em alguns países para melhorar a qualidade do ar.
Os investigadores alertaram, no entanto, para o risco de deterioração nos países em rápida industrialização.
Quanto mais um grande número de limites é ultrapassado, mais "aumenta o risco de minar permanentemente as funções de suporte de vida da Terra" e de ver desencadeados pontos de rutura irreversíveis, referiram os investigadores.
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