Governo nega que tentativa de boicote da Rússia afete 'Pacto do Futuro'

A ministra do Ambiente e Energia rejeitou que a tentativa de boicote da Rússia ao 'Pacto do Futuro' retire força a este acordo adotado na ONU, destacando a importância destes passos "para a humanidade".

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© Maria da Graça Carvalho/ Facebook

Lusa
24/09/2024 04:22 ‧ 24/09/2024 por Lusa

Mundo

ONU

À margem da Cimeira do Futuro, convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, a ministra Maria da Graça Carvalho desvalorizou, na segunda-feira, a postura crítica da Rússia face ao 'Pacto do Futuro', sublinhando que se enquadra na posição de Moscovo "em muitos outros aspetos internacionais".

 

"Não, [a tentativa de boicote da Rússia] não tira força [ao acordo], porque é a postura da Rússia em muitos outros aspetos internacionais e, felizmente, um grande número de países deu força a este Pacto. Isso é essencial", disse aos jornalistas em Nova Iorque.

Em causa está a adoção, no domingo, do 'Pacto para o Futuro', o documento principal desta Cimeira que visa traçar "um futuro melhor" para a humanidade e ao qual foram anexados o 'Pacto Digital Global' e a 'Declaração sobre as Gerações Futuras'.

Apesar da adoção por consenso destes três acordos, a Cimeira do Futuro arrancou sob grande polémica depois de uma intervenção da delegação russa, que rejeitou categoricamente o 'Pacto para o Futuro', negociado durante meses, pedindo para que fosse alterado.

"Não houve nenhuma reunião em que todas as delegações se sentaram para estudar o documento parágrafo por parágrafo. Apenas foram apresentadas alterações para beneficiar os países ocidentais. Isto não pode ser chamado de multilateralismo. É um grande fracasso para o princípio da ONU de igualdade soberana dos Estados", advogou a representação da Rússia.

A posição de Moscovo foi apoiada por países como a Venezuela, que aludiu a uma "atitude arrogante" dos países ocidentais que não contempla "o princípio sagrado da não ingerência nos assuntos de outros Estados".

A Rússia tentou boicotar o "Pacto para o Futuro" através de uma alteração ao texto, que acabou rejeitada pela maioria da Assembleia-Geral da ONU.

A adoção destes acordos "é uma grande vitória também do secretário-geral das Nações Unidas, o engenheiro António Guterres", avaliou a ministra do Ambiente.

"É o seu legado. Ele já teve no ano passado uma cimeira sobre o Desenvolvimento Sustentável e este ano a Cimeira do Futuro. Agora será toda a estrutura das Nações Unidas, umas 'Nações Unidas 2.0', como se lhe chama, para que haja aqui uma nova força neste Governo do mundo, com mais força para as instituições multilaterais", disse a governante.

Antes mesmo do arranque da cimeira, que chegou ao fim na segunda-feira, Guterres tinha mostrado uma certa frustração com o conteúdo do pacto, apelando aos Estados para que demonstrassem "coragem e ambição máxima" para fortalecer as "instituições internacionais obsoletas", que já não são capazes de responder eficazmente às ameaças atuais.

O "Pacto para o Futuro" apresenta, em mais de 20 páginas, 56 ações em áreas que vão desde a importância do multilateralismo ao respeito pela Carta da ONU e à manutenção da paz, desde a reforma das instituições financeiras internacionais até à do Conselho de Segurança da ONU, ou a luta contra as alterações climáticas, o desarmamento e o desenvolvimento da inteligência artificial.

"São passos muito importantes para Portugal e para o planeta em geral e para a humanidade, porque são soluções para os vários desafios que temos pela frente: o desafio climático, o desafio da pobreza que ainda existe e da desigualdade a nível mundial, respostas para o Governo a nível digital e também global em relação à inteligência artificial e aos dados", observou Maria da Graça Carvalho.

"Portanto, toda uma série de assuntos que são necessários termos o entendimento global. Chegámos a um acordo sobre todos estes temas e agora o mais difícil é pôr tudo isto em prática", salientou.

Um dos temas muito discutidos nas Nações Unidas ao longo dos últimos anos tem sido também a igualdade de género.

Contudo, num momento em que a ONU se prepara para receber, a partir de hoje, dezenas de líderes de todo o mundo para a Assembleia-Geral da ONU, o gabinete de António Guterres informou que dos 194 intervenientes esperados, apenas 19 são mulheres.

A ministra do Ambiente e Energia admitiu estar chocada face à dominância masculina nestas cimeiras internacionais. 

"É algo que eu tenho que confessar que me choca sempre nestas cimeiras que falam tanto na igualdade de género. São cimeiras muito masculinas, nós vemos muito poucas mulheres nesta representação e isso é algo que se deve chamar à atenção. Temos que começar a dar o exemplo também nas nossas próprias cimeiras, nas nossas próprias reuniões e talvez por aí também se possa acelerar este processo da igualdade de género", reforçou.

Leia Também: ONU adota pacto que visa construir um "futuro melhor" para a humanidade

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