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Antigo presidente do Sudão transferido para hospital no norte do país

O antigo Presidente do Sudão Omar al-Bashir, derrubado por uma revolta popular após 30 anos de governo e depois detido pelos militares do país, foi transferido para um hospital no norte do Sudão, anunciou hoje o seu advogado.

Antigo presidente do Sudão transferido para hospital no norte do país
Notícias ao Minuto

25/09/24 10:24 ‧ Há 3 Horas por Lusa

Mundo Omar al-Bashir

Desde o início da guerra, em abril do ano passado, entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) paramilitares, al-Bashir, de 80 anos, tem estado detido numa instalação militar nos arredores da capital sudanesa, Cartum.

 

O seu advogado, Mohamed al-Hassan al-Amin, disse à agência The Associated Press que al-Bashir foi transferido esta terça-feira e que irá receber cuidados adequados num hospital mais bem equipado na cidade de Merowe, a cerca de 330 quilómetros a norte de Cartum.

A saúde de Al-Bashir deteriorou-se recentemente, segundo o advogado, que acrescentou que o antigo chefe de Estado sudanês sofre de complicações relacionadas com a idade e com tensão arterial elevada.

"Ele precisa de controlos regulares e de acompanhamento", disse al-Amin por telefone, acrescentando que "o seu estado não é crítico".

O advogado disse que o ex-ministro da Defesa do Sudão, Abdel-Rahim Muhammad Hussein - que também foi preso logo após al-Bashir - também foi transferido para a mesma instalação, devido a alegados problemas cardíacos.

O gabinete do porta-voz das Forças Armadas do Sudão não quis comentar quando contactado pela AP.

Al-Bashir governou o Sudão durante três décadas, apesar das guerras e sanções, antes de ser derrubado durante uma revolta popular em 2019.

É procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por genocídio e outros crimes cometidos durante o conflito na região de Darfur, no oeste do Sudão, na década de 2000.

O TPI acusou al-Bashir assim como o seu ex-ministro da Defesa Hussein de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos em Darfur, onde a campanha das forças governamentais foi marcada por assassínios em larga escala, violações, torturas e perseguições.

Cerca de 300.000 pessoas foram mortas e 2,7 milhões foram expulsas das suas casas.

Os líderes militares do Sudão - que agora lutam entre si para se manterem no poder - recusaram até agora os pedidos do TPI para que al-Bashir e outros procurados pelo tribunal fossem entregues para que sejam julgados.

Al-Bashir, Hussein e outros foram detidos numa prisão de Cartum antes de serem levados para uma base militar fortificada, depois de essa prisão ter sido atacada pelas Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) em abril do ano passado. Um outro ex-alto funcionário, Ahmed Harun, que também é procurado pelo TPI, fugiu depois do ataque à prisão e desconhece-se o seu paradeiro.

A última guerra no Sudão devastou Cartum e muitas outras áreas urbanas, e foi também marcada por atrocidades como violações em larga escala e assassínios por motivos étnicos. As Nações Unidas e os grupos internacionais de defesa dos direitos humanos afirmam que estes atos constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, especialmente no Darfur, que tem sido alvo de uma dura investida por parte das RSF.

A guerra matou até agora, pelo menos, 20.000 pessoas e deixou dezenas de milhares de feridos, segundo a ONU.

O conflito também obrigou cerca de 10 milhões de pessoas a fugir das suas casas no Sudão - cerca de um quarto da população do país, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações. Destas, mais de dois milhões foram levadas para o estrangeiro, principalmente para os vizinhos Chade, Sudão do Sul e Egito, ainda segundo a OIM.

Leia Também: Tribunal do Sudão condena 18 militares rebeldes à morte

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