Família de ativista anglo-egípcio preso pede pressão para libertação
A família do ativista político anglo-egípcio Alaa Abd-El Fattah instou hoje o Governo britânico a aumentar a pressão sobre o Egito para exigir a libertação do escritor no próximo domingo, quando se cumpre cinco anos desde a sua detenção.
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Mundo Ativistas
No dia 29 de setembro cumprem-se cinco anos desde que o ativista foi preso, mas a sua família receia que as autoridades egípcias não o libertem, ignorando os dois anos em prisão preventiva cumpridos antes de a sentença ter sido ratificada em janeiro de 2022.
Alaa Abd-El Fattah é oficialmente cidadão britânico desde 2022 e a incapacidade do anterior executivo do Reino Unido, liderado pelos conservadores, em obter a sua libertação foi criticada pelo atual primeiro-ministro, o trabalhista Keir Starmer, e ministro dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, quando estavam na oposição.
Agora, a família, juntamente com a organização Repórteres sem Fronteiras, quer que o novo Governo do Partido Trabalhista, em funções há 83 dias, tome medidas, incluindo a suspensão de ajuda externa.
"Queremos uma declaração pública de que a prisão é arbitrária e que haverá consequências se ele não for libertado a 29 de setembro", afirmou hoje a irmã do ativista e escritor, Mona El Fattah, numa conferência de imprensa organizada em Londres.
O Governo britânico indicou à agência Lusa que o caso do também 'blogger' já foi levantado várias vezes nos últimos dois meses a nível político e diplomático, nomeadamente em encontros de Lammy com o homólogo, Badr Abdelatty, e de Keir Starmer com o Presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico garantiu que vai continuar a "apresentar o seu caso aos mais altos níveis do Governo egípcio" e que a "prioridade continua a ser garantir o acesso consular a El-Fattah e a sua libertação".
Alaa Abd-El Fattah foi considerado culpado e condenado a cinco anos de prisão por partilhar uma mensagem na rede social Facebook sobre tortura nas prisões no país, num julgamento em que nem a defesa nem a acusação apresentaram argumentos.
Outra irmã do ativista, Sanaa El Fattah, contou que visitou Alaa Abd-El Fattah há duas semanas, e que têm trocado correspondência.
"Estou a tentar prepará-lo para o pior, mas ele está à espera de ser libertado. Temo que ele fique desiludido", afirmou.
O 'blogger' tornou-se conhecido durante a chamada "Primavera Árabe", o movimento de contestação popular que desencadeou mudanças históricas em vários países árabes e que derrubou em 2011 o regime do antigo Presidente egípcio Hosni Mubarak, mas depois foi preso várias vezes por publicar textos pró-democracia e a defender os direitos humanos.
Em 2019 foi detido e em dezembro de 2021 foi condenado a cinco anos de prisão, mas a sentença só foi ratificada em janeiro do ano seguinte.
O seu caso ganhou visibilidade em 2022, quando fez uma greve de fome durante a cimeira climática COP27 no Egito, recebendo o apoio de muitos líderes internacionais presentes.
Presente na conferência de imprensa de hoje, a anglo-iraniana Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que esteve presa seis anos no Irão, um ano para além da sentença inicial, manifestou a sua solidariedade para com Alaa Abd-El Fattah, afirmando que cada dia depois de domingo vai "ser quase como se fosse o dobro".
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