Um novo estudo britânico concluiu que, no último ano, a maioria dos professores viu casos de alunos a ir para a escola com roupa suja ou cabelo e dentes por lavar. Comportamentos que levaram quatro em cada cinco funcionários escolares a acreditar que houve um aumento dos problemas de "pobreza em termos de higiene" nos últimos 12 meses, na escola onde trabalham, e um terço deles afirmou que o aumento foi "significativo".
Segundo esta sondagem da Censuswide, uma empresa britânica que faz estudos de mercado e opinião, mais de três em cada cinco funcionários escolares (62%) viram alunos com roupa ou equipamento de educação física sujos e 60% repararam em cabelos e dentes por lavar.
Além disso, as conclusões deste inquérito feito a 500 funcionários de escolas do país sugerem que quase três em cada dez (28%) funcionários deram conta de casos de crianças que faltam repetidamente à escola por falta de higiene.
Quando são confrontados com estes casos, alguns dos trabalhadores das instituições de ensino revelaram que lavam pessoalmente as roupas dos alunos e compram sabão, detergente para a roupa e outros produtos de higiene para as famílias carenciadas. Em média, o pessoal escolar gastou cerca de 27 libras (32 euros) do seu próprio bolso, em 2023, para ajudar na higiene dos alunos em situação de pobreza.
Ao todo, estima-se que os funcionários das escolas no Reino Unido gastaram cerca de 40 milhões de libras (47 milhões de euros) do seu próprio dinheiro no ano passado para apoiar estes alunos que têm dificuldades financeiras.
A diretora executiva do The Hygiene Bank, Ruth Brock, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a combater a pobreza menstrual e a falta de acesso a produtos de higiene pessoal no país e que encomendou este estudo, disse à Sky News que estes resultados são de "partir o coração".
"A pobreza, no que toca à higiene, é uma crise silenciosa que afeta não só a saúde e o bem-estar das crianças, mas também a sua capacidade de participar plenamente na escola, limitando potencialmente as suas oportunidades de vida. Os professores precisam de ser capazes de ensinar. Não devem ser deixados a preencher a lacuna, financeira e emocional, dando estes bens essenciais", defendeu Ruth Brock.
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