Ao contrário de Barack Obama ou Donald Trump, que estiveram na Alemanha em visitas de trabalho, Joe Biden vai ser recebido com as mais altas honras protocolares. O Presidente dos Estados Unidos chega a Berlim na quinta-feira, sendo aguardado no Palácio Bellevue, na manhã de 11 de outubro, com honras militares. Está depois prevista uma reunião com o Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier.
A última visita de Estado de um Presidente norte-americano à Alemanha foi há quase 40 anos, quando Reagan viajou para Bona, Bitburg e Bergen-Belsen em 1985. No que diz respeito a medidas de segurança, estas devem ser semelhantes às aplicadas à passagem de Barack Obama pelo país.
Atiradores de elite das unidades especiais da Polícia Federal e da Polícia Judiciária Estatal vão ser colocados nos telhados, tampas de esgoto soldadas em certas ruas, a polícia fluvial vai estar presente com barcos no rio Spree e esquadrões de cães vão revistar a área circundante.
Como é habitual, a polícia de Berlim não quis adiantar detalhes sobre as medidas de segurança alargadas. "Estamos a preparar a visita de Estado", limitou-se a dizer um porta-voz da polícia. De acordo com o sindicato da polícia (GdP), mais de 5.000 agentes foram destacados durante a visita de despedida de Obama em novembro de 2016.
Na sexta-feira, está também previsto um banquete de Estado em honra de Biden e uma cerimónia de entrega de medalhas.
"O Presidente Federal condecorará o Presidente Biden com a mais alta honraria alemã, o nível especial da Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha. Ao fazê-lo, o presidente federal presta homenagem aos serviços prestados pelo presidente Biden à amizade germano-americana e à aliança transatlântica, que Biden desempenhou um papel fundamental na formação ao longo de cinco décadas e no fortalecimento, especialmente diante da agressão russa contra a Ucrânia", pode ler-se na página oficial da presidência.
Biden tem depois encontro marcado com o chanceler Olaf Scholz. Ambos falarão com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês, Emmanuel Macron, na Chancelaria. Depois, os quatro viajarão para a Renânia-Palatinado, onde está prevista uma cimeira sobre a Ucrânia na base aérea dos EUA em Ramstein.
De acordo com o jornal Spiegel, Biden também deverá encontrar-se com Margot Friedländer durante a sua estadia em Berlim. A sobrevivente do Holocausto, de 102 anos, esteve presa no campo de concentração de Theresienstadt quando era jovem. Depois da sua libertação, mudou-se primeiro para os EUA e regressou à Alemanha em 2010.
Durante os dias da visita de Biden são esperadas várias manifestações. Além das ações de protesto de movimentos pró-Palestina, que deverão prolongar-se por toda a semana, a "Netzwerk Friedenskooperative" (Rede de Cooperação para a Paz) planeia manifestar-se na quinta-feira à noite junto às Portas de Bramdenburgo, em frente à embaixada norte-americana, contra a visita do presidente dos Estados Unidos e o planeado estacionamento de mísseis de médio alcance dos EUA na Alemanha.
No verão, os EUA e o governo de Berlim chegaram a acordo sobre a instalação de armas de médio alcance na Alemanha a partir de 2026. Para além dos mísseis de cruzeiro Tomahawk e dos mísseis de defesa aérea SM-6, as armas hipersónicas recentemente desenvolvidas deverão também contribuir para o reforço da dissuasão militar para proteger os parceiros da NATO na Europa.
Na sexta-feira à noite, está previsto um protesto da Alexanderplatz até às Portas de Bramdeburgo, sob o lema "Joe Biden não é bem-vindo".
A primeira e última visita de Joe Biden à Alemanha como presidente dos Estados Unidos começa na quinta-feira e termina no sábado, dia 12 de outubro.
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