Numa carta dirigida ao movimento libanês pró-iraniano, as deputadas Najat Aoun Saliba, do partido Taqaddom, reformista, e Paula Yacubian, do Kuluna Watani (Todos pela Pátria), e os deputados Melhem Jalaf, também do Taqaddom, e Yassine Yassine, do Sahlouna wal Jabal, movimento independente, lembram que foi através desse acordo que se reorientou a reforma política no país e se estabeleceu relações com a Síria.
"Ninguém pode proteger o Líbano exceto os homens e mulheres libaneses unidos, através da cooperação e da solidariedade", disseram os quatro deputados, que condenaram os bombardeamentos perpetrados por Israel contra diversas áreas do Líbano.
"Destruíram a nossa terra e representam um crime inaceitável. É necessário, nestas circunstâncias, ter um Estado que possa proteger os seus cidadãos e um Presidente que assuma a responsabilidade de parar a guerra", afirma-se no documento.
Os deputados instaram o presidente do Parlamento, Nabih Berri, a realizar sessões plenárias para que os partidos possam eleger um chefe de Estado "capaz de salvar o país".
"O Líbano está sem Presidente há dois anos e a última sessão sobre o assunto ocorreu há mais de um ano", lembraram.
Na carta, os quatro deputados aproveitaram para se dirigir à comunidade árabe do país e garantiram que o Líbano "não ficará isolado".
"Continuaremos a trabalhar para conseguir a criação de um Estado palestiniano seguindo o caminho da cimeira da Liga Árabe de 2002, que abordou o conflito israelo-palestiniano", acrescentaram.
"Pedimos à comunidade internacional que pare o massacre e evite que Israel cometa genocídio no Líbano, como fez em Gaza", afirmaram os deputados, exigindo ainda ao povo libanês que procure justiça junto dos seus líderes políticos, "que nada fizeram para evitar a guerra".
A última vez que o Parlamento libanês tentou eleger um chefe de Estado foi a 14 de junho de 2023, naquela que foi a 12.ª vez, depois de mais um "braço de ferro" entre o poderoso Hezbollah e os seus opositores, abrindo um vazio de poder desde então.
Em pleno colapso económico, o Líbano está, na prática, desde dezembro de 2022 sem Presidente sendo liderado por um governo demissionário com poderes reduzidos.
O Parlamento libanês, inativo há mais de um ano, tem 128 deputados e nenhum dos campos políticos tem uma maioria clara.
O Acordo de Taife é a designação comum para um documento de nome oficial Carta Nacional de Reconciliação, aprovado a 22 de outubro de 1989, e ratificado pelo parlamento libanês a 05 de novembro de 1989 na cidade de Taife, Arábia Saudita, cujo objetivo foi acabar com a guerra civil no Líbano, que se desenrolava desde 1975.
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