Leonel Muchina, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), na cidade de Maputo, disse à comunicação social que agentes da corporação efetuaram tiros de dispersão quando populares tentavam invadir uma assembleia de voto na Escola Secundária de Mubukwana, no bairro George Dimitrov, por suspeitas de irregularidades após um corte de corrente elétrica na região.
"O comportamento destes cidadãos [detidos] criou insurgência popular, tanto que as pessoas quiseram invadir aquela assembleia de voto e nisto houve necessidade de fazer tiros de dispersão. Pensamos que involuntariamente um destes tiros teria alvejado o cidadão (...), mas está fora de perigo e foi imediatamente socorrido no hospital, onde recebe cuidados médicos", disse o porta-voz.
Segundo a polícia, as quatro pessoas foram detidas por "incitamento à desordem pública" após o apagão, tendo, na sequência, incendiado um pneu presumindo que o corte de energia criasse um cenário para "qualquer irregularidade" naquela assembleia de voto.
"Foram recolhidos e haverá responsabilização em relação a esta situação de incitamento à desordem, porque isso criou, momentaneamente, desmandos naquela assembleia de voto", referiu o porta-voz da polícia.
Leonel Muchina avançou, entretanto, que o dia de votação na capital moçambicana decorreu num "ambiente calmo e seguro", referindo que a polícia está a fazer um "controlo cerrado" em todos os pontos para garantir também que a movimentação de boletins de voto seja feita de forma "segura e ordeira".
"A cidade de Maputo está calma. Pensamos que se vai manter calma justamente porque as pessoas aqui na cidade de Maputo entendem que este ambiente é de festa e não um ambiente que deve ser usado como argumento para instabilidades e para criar desordem pública", concluiu.
As eleições gerais de quarta-feira incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
À eleição à Presidência da República concorreram Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).
A publicação dos resultados da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias, antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.
A votação incluiu legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir. A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.
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