HRW pede à ONU para investigar ataques israelitas às missões de paz

A organização Human Rights Watch (HRW) defendeu hoje que a ONU abra um inquérito sobre os ataques israelitas às forças de manutenção da paz no Líbano, sublinhando que, se foram deliberados, constituem crime de guerra.

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Lusa
11/10/2024 11:07 ‧ 11/10/2024 por Lusa

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Médio Oriente

Referindo que os ataques dos militares israelitas a operações das Nações Unidas no sudoeste do Líbano se repetiram várias vezes, a organização de defesa dos direitos humanos lembra, em comunicado hoje divulgado, que o Conselho de Segurança determinou ser ilegal atacar missões humanitárias e de proteção civil.

 

A organização adianta que a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) denunciou que, na quinta-feira, uma torre de observação na sua sede foi atingida por disparos de um tanque israelita e que o ataque feriu dois soldados da paz.

Na véspera, a 09 de outubro, e também segundo a FINUL, as forças israelitas tinham disparado deliberadamente e desativado as câmaras de monitorização da sede.

Hoje, pelo menos dois capacetes azuis (como são conhecidos os operacionais que integram as missões da ONU) ficaram feridos num novo ataque israelita contra a sede da FINUL, o quarto incidente atribuído a Israel que visou as forças das Nações Unidas em dois dias.

"Ao abrigo das leis da guerra, o pessoal da ONU envolvido em operações de manutenção da paz, incluindo membros armados, é civil, e os ataques deliberados contra eles e contra instalações de manutenção da paz são ilegais e constituem crimes de guerra", sublinha a HRW.

Por isso, defende a organização de defesa dos direitos humanos, "as Nações Unidas deveriam estabelecer com urgência, e os países membros da ONU deveriam apoiar, uma investigação internacional sobre as hostilidades no Líbano e em Israel, com o mandato de denunciar publicamente as violações".

Segundo a HRW, a ONU e os países membros devem enviar de imediato investigadores para "recolher informações e tirar conclusões sobre as violações do direito internacional pelas partes em conflito e fazer recomendações para a sua responsabilização".

Além disso, defende a organização, o Líbano deveria atribuir urgentemente jurisdição ao Tribunal Penal Internacional (TPI) - concretizando um primeiro passo dado em abril - para permitir que o procurador investigue crimes internacionais.

Por seu lado, os aliados de Israel "deveriam suspender a assistência militar e a venda de armas a Israel, dado o risco real de serem utilizadas" para matar ou ferir civis, acrescenta a HRW.

Na semana passada, o exército israelita ordenou à FINUL que se deslocasse cinco quilómetros para lá da fronteira Israel-Líbano "o mais rapidamente possível, a fim de manter a sua segurança".

No entanto, o chefe da missão, Jean-Pierre Lacroix, rejeitou deslocar o pessoal humanitário, alegando que, numa semana, Israel deu ordem de evacuação a 119 aldeias do sul do Líbano, incluindo o local onde se situa a sede da FINUL, em Naqoura.

Numa entrevista dada no dia 07 de outubro, o porta-voz da FINUL afirmou que milhares de pessoas estavam retidas em aldeias na área de operação da missão da ONU no Líbano, necessitadas de ajuda humanitária, já que estão sem comida ou água.

Nas mesmas declarações, o representante pediu para que fosse permitida a entrada de ajuda humanitária na zona em questão.

De acordo com informação avançada na terça-feira pelo Ministério da Saúde libanês, os ataques israelitas no Líbano mataram, desde outubro de 2023, pelo menos 2.141 pessoas, incluindo 127 crianças.

No último ano, e segundo a imprensa local, o grupo xiita libanês Hezbollah lançou milhares de 'rockets' e mísseis contra cidades do norte de Israel, matando pelo menos 16 civis.

Leia Também: Pelo menos dois soldados da ONU ficaram feridos em novo ataque no Líbano

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