Canadá acusa Índia de desrespeitar soberania ao ordenar morte de opositor
O chefe do governo canadiano afirmou hoje que existem "indícios claros" de que a Índia desrespeitou a soberania do Canadá ao promover o homicídio de um líder separatista sikh em 2023, em Vancouver.
© David Kawai/Bloomberg via Getty Images
Mundo Canadá
Quando as suspeitas de envolvimento dos serviços secretos indianos foram tornadas públicas, o governo canadiano tinha "indicações claras" dessa relação e hoje tem "indicações ainda mais claras de que a Índia tinha desrespeitado a soberania do Canadá", disse Justin Trudeau, numa audição parlamentar.
A polícia federal canadiana, a Real Polícia Montada do Canadá, anunciou na segunda-feira que dispunha de "provas" do "envolvimento de agentes do Governo da Índia em atividades criminosas graves no Canadá", em particular o homicídio do cidadão canadiano Hardeep Singh Nijjar, que fazia campanha pela criação de um Estado sikh independente no norte da Índia.
Morto no parque de estacionamento de um templo sikh em Vancouver (oeste) em junho de 2023, Hardeep Singh Nijjar, que imigrou para o Canadá em 1997 antes de se naturalizar em 2015, era procurado pelas autoridades indianas por alegado terrorismo e conspiração para cometer homicídio.
Três meses mais tarde, Justin Trudeau declarou que existiam "provas credíveis" de uma ligação entre agentes do governo indiano e o crime.
O anúncio afetou as relações entre os dois países. A Índia restringiu temporariamente os vistos para os canadianos e obrigou o Canadá a repatriar alguns dos seus diplomatas.
As tensões agravaram-se ainda mais na segunda-feira com a expulsão recíproca dos embaixadores dos dois países e de cinco outros diplomatas de alto nível.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano qualificou de "absurdas" as acusações de que a Índia estaria envolvida no homicídio de Hardeep Singh Nijjar, considerando-as uma "estratégia para difamar a Índia com objetivos políticos".
Justin Trudeau assegurou à Comissão que o seu governo não pretende encontrar-se numa posição de "desentendimento com um importante parceiro comercial".
Contudo, a decisão da Real Polícia Montada do Canadá de revelar, na segunda-feira, detalhes sobre o envolvimento de agentes indianos foi "inteiramente justificada" no interesse da segurança pública.
De acordo com o governante, as autoridades policiais têm provas de que os atos de violência no país, incluindo invasões de domicílio, extorsão e "até mesmo assassínio", foram "permitidos e, em muitos casos, ordenados pelo governo indiano".
No Canadá, vivem cerca de 770.000 sikhs, a maior comunidade fora da Índia desta minoria que reclama a criação de um Estado independente na Índia.
Na audição de hoje, o primeiro-ministro referiu existirem provas que envolvem diplomatas indianos "na recolha de informações sobre canadianos que são opositores ou estão em desacordo com o governo Modi", passando depois "essas informações para organizações criminosas, como o grupo Lawrence Bishnoi".
Já conhecido por cometer assassinatos e extorsões na Índia, o grupo criminoso Bishnoi foi agora acusado de envolvimento no assassínio de Nijjar.
O líder do grupo, Lawrence Bishnoi, está atualmente detido no estado indiano de Gujarat, onde deverá ser julgado sob a acusação de contrabando de heroína do Paquistão.
O grupo é suspeito de ter morto um famoso rapper sikh em 2022 e executado um importante político em Mumbai no início de outubro.
De acordo com as autoridades canadianas, o grupo é utilizado pelo governo indiano para atingir membros da diáspora do Sul da Ásia e separatistas Sikh.
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