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Tribunal manda regressar a Itália migrantes enviados para Albânia
Um tribunal de Roma declarou hoje ilegal a detenção na Albânia dos migrantes transferidos esta semana de Itália e ordenou o seu regresso, argumentando que os países de origem destas pessoas, Bangladesh e Egito, não podem ser considerados seguros.
© Getty Images/Adnan Beci / AFP
Mundo Migrações
"Os dois países de onde vêm os imigrantes, Bangladesh e Egito, não são seguros", afirmaram os juízes, lembrando que, segundo o acordo assinado entre Roma e Tirana em 2023 para a criação na Albânia de dois centros de gestão dos processos de migrantes, a transferência das pessoas intercetadas nas costas italianas só pode acontecer se for provada a existência de três condições: que sejam homens adultos, com boa saúde e provenientes de países seguros.
Segundo a imprensa local, os migrantes serão devolvidos sábado ao território italiano.
Parte do grupo de 16 migrantes que desembarcou na Albânia já tinha recebido ordem de regresso à Itália, uma vez que foram detetados, já em terra, dois menores que não tinham dado corretamente a sua idade e outras duas pessoas classificadas como vulneráveis, que poderiam ser vítimas de tortura e violência nos seus países de origem.
A decisão do tribunal de reenviar todos os migrantes para a Itália já foi alvo de críticas por parte do partido de direita radical Irmãos de Itália, liderado pela primeira-ministra, Giorgia Meloni.
Para a força política de Meloni, os magistrados pretendem apenas "ajudar a esquerda parlamentar", que, tal como várias organizações de defesa dos direitos humanos, criticou os dois novos centros em território albanês, afirmando que são desnecessariamente caros - com um custo estimado em quase mil milhões de euros - e "externalizam inaceitavelmente" a questão dos migrantes.
Segundo os críticos, os dois centros de migrantes na Albânia constituem uma "nova Guantánamo", ao mesmo tempo que processam apenas uma "gota de água do oceano" já que tratam de 3.000 pedidos de asilo por ano dos mais de 100.000 migrantes que desembarcam anualmente em Itália.
"É um absurdo! O tribunal não valida a detenção de migrantes na Albânia. A esquerda judicial vem em auxílio da esquerda parlamentar", apontou o partido, numa mensagem divulgada na rede social X.
"Alguns magistrados politizados decidiram que não existem países de origem seguros: é impossível deter quem entra ilegalmente, é proibido repatriar imigrantes ilegais", referiu ainda a força partidária, acrescentando que tais magistrados "gostariam de abolir as fronteiras de Itália", mas isso "não vai ser permitido".
Também o partido de extrema-direita Liga (que faz parte da coligação governamental), liderado pelo vice-primeiro-ministro e ministro dos Transportes, Matteo Salvini, classificou a decisão como "inaceitável e grave".
"Os juízes pró-imigrantes deveriam concorrer às eleições, mas nós não seremos intimidados", referiu, em comunicado.
Leia Também: OIM vai acompanhar migrantes transferidos de Itália para a Albânia
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