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Senadora lusodescendente rejeita tese de "democracia em risco" com Trump

A senadora estadual lusoamericana Lisa Boscola, democrata da Pensilvânia, rejeita a tese defendida pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, de que o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, representa um "risco para a democracia" do país.

Senadora lusodescendente rejeita tese de "democracia em risco" com Trump
Notícias ao Minuto

20/10/24 08:43 ‧ Há 3 Horas por Lusa

Mundo EUA/Eleições

Em entrevista à Lusa a menos de três semanas das presidenciais, a senadora estadual, cujas raízes portuguesas remontam a Valença do Minho, assegurou acreditar na "resiliência" da democracia norte-americana e manifestou-se "muito otimista" em relação ao futuro do país, independentemente da possibilidade de ser liderado mais quatro anos pelo ex-presidente Donald Trump.

 

"Eu realmente não acredito nesse conceito [de Donald Trump ser um risco para a democracia] porque eu realmente acho que a nossa democracia é resiliente e eu não acredito que um Presidente possa mudar isso. Eu não acredito, porque nós temos um Senado e nós temos uma Câmara dos Representantes e muito poder passa por essas duas câmaras. Nós temos um bom sistema de controlo e equilíbrio na nossa democracia e isso é certo", avaliou Lisa Boscola.

"No meu ponto de vista, o impacto de longo prazo de Trump ou Kamala Harris [vice-presidente e candidata democrata] será determinado mais pelo resultado das corridas do Senado e da Câmara dos Representante, e por que partidos controlam a maioria de cada Câmara. Isso é o que realmente vai determinar como nós avançamos como país", advogou.

A senadora democrata, de 62 anos, vê mais vantagens para o país quando o poder não é detido exclusivamente por um só partido, seja ele o Democrata ou o Republicano, acreditando no potencial do "equilíbrio" entre ambos.

Lisa Boscola admite já ter votado em políticos democratas e republicanos ao longo da sua vida, frisando que "vota na pessoa" mais do que em partidos, mas espera que o próximo chefe de Estado consiga unir o país.

"A eleição vai ser apertada. Eu realmente não consigo dizer quem vai ganhar esta eleição, porque será muito renhida. Mas, independentemente do vencedor, temos que aprender a respeitar-nos uns aos outros e espero que quem quer que seja o nosso próximo Presidente possa unir as pessoas e que nos possamos unir em torno dele ou dela. É isso que temos que fazer como americanos", afirmou.

Questionada pela Lusa sobre a possibilidade de uma eventual derrota de Trump despoletar a repetição de um cenário semelhante ao 06 de janeiro de 2021 - quando apoiantes do ex-presidente invadiram o Capitólio para tentar travar a confirmação da vitória eleitoral de Joe Biden -, a senadora disse não acreditar nesse cenário.

"Eu não acredito nisso. Se ele perder, acho que não teremos mais isso. Simplesmente não acredito que isso acontecerá. É apenas a minha opinião", apontou.

"Estou muito otimista sobre o nosso futuro. Somos um país muito resiliente. Já tivemos Trump por quatro anos e nada realmente mudou muito, porque nós temos um Congresso que faz o equilíbrio. Logo, espero que isso aconteça neste ciclo eleitoral. Estou orgulhosa da nossa eleição. Elas são livres e justas. Não são muitos os países que podem reivindicar isso no mundo", acrescentou a política lusodescendente.

Nas suas últimas entrevistas, Donald Trump mostrou alguma ambiguidade e afirmou que só aceitará o resultado das presidenciais de 2024 se os mesmos forem "justos e livres".

Lisa Boscola não tem dúvidas de que o processo eleitoral norte-americano é "seguro e exato" e defende a necessidade de tranquilizar os eleitores.

"Acho que há sensacionalismo em torno do nosso processo eleitoral. Isso provavelmente tem sido o aspeto mais dececionante das campanhas. Há muita desinformação a circular sobre o nosso processo eleitoral ser seguro e preciso, então, no final, independentemente de quem vença, precisamos dessa transição suave de poder e da nossa democracia. Isso é realmente crucial", realçou.

Num olhar sobre a candidata presidencial do seu partido - Kamala Harris-, a senadora da Pensilvânia refletiu sobre como a vice-presidente foi colocada repentinamente "no topo" da corrida após Joe Biden ter desistido da reeleição, admitindo ter ouvido de vários eleitores descontentamento por não lhes ter sido dada a oportunidade de fazer a "sua própria escolha" através de uma eleição primária com candidatos democratas.

Lisa Boscola reconheceu a dificuldade de levantar uma campanha presidencial em poucos meses, mas observou que Kamala Harris tem estado focada em dar resposta às questões críticas do eleitorado, "parecendo comprometida em tentar envolver republicanos e independentes" na sua busca por votos, e não apenas democratas.

Já em relação ao seu estado, a senadora explicou que o que mais preocupa o eleitorado da Pensilvânia é a economia, a imigração ilegal e o aborto, acreditando que serão essas questões que irão determinar a direção do voto.

Lisa Boscola reside em Bethlehem, uma cidade no leste da Pensilvânia onde está localizado o 'Portuguese American Club of Bethlehem', que acolhe vários eventos da comunidade portuguesa local.

A senadora marca presença com frequência em eventos da comunidade portuguesa nessa região norte-americana, de quem garante ser "muito próxima".

"Temos aqui muitos portugueses empresários e eles estão preocupados em expandir os seus negócios. Eles vão votar com base em quem fará a economia mover-se para que os seus negócios prosperem. E deixe-me dizer isto: os portugueses trabalham duro", frisou a política.

"Os portugueses que aqui moram falam comigo sobre a economia o tempo todo. Mas os donos de negócios querem algumas mudanças regulatórias e medidas que os ajudem a expandir os seus negócios. À imagem do que se passa do resto do país, eles estão divididos sobre em quem vão votar. Conversei com alguns que vão na Kamala, outros em Trump. Mas realmente não sabemos quem vai ganhar", concluiu.

As eleições estão marcadas para 05 de novembro e vários estados já iniciaram o processo de voto antecipado e por correspondência.

Leia Também: Eleições nos EUA. Campanhas aceleram e concentram-se nos estados-chave

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