A chuva que tem caído nos últimos dias em Itália já fez um morto e inundou casas, estradas e escolas, deixando todo o país, de norte a sul, em "alerta vermelho". As zonas de Bolonha e Sicília são duas das mais afetadas.
Em Bolonha a acompanhar a evolução da situação meteorológica da região, o vice-presidente do Conselho de Ministros italiano, Valentino Valentini, afirmou que a situação está a melhorar, "devido à diminuição das chuvas", e espera que muitas das mais de duas mil pessoas que foram obrigadas a deixar as suas casas na última madrugada possam regressar às habitações ainda este fim de semana.
"A situação dos cursos de água que transbordaram ontem está a ser constantemente monitorizada. Infelizmente temos a registar uma vítima, um jovem de 20 e poucos anos que foi arrastado pelas águas quando estava no seu carro, no município de Pianoro. As buscas duraram toda a noite, mas esta manhã foi encontrado sem vida", revelou Valentino Valentini, citado pelo jornal local Corriere di Bologna.
#Maltempo #Bologna, individuato dall’elicottero dei #vigilidelfuoco il corpo senza vita della persona dispersa a Botteghino di Zocca. In corso le operazioni di recupero [#20ottobre 8:00] pic.twitter.com/hiIvD9Tg7q
— Vigili del Fuoco (@vigilidelfuoco) October 20, 2024
Nesta cidade caíram 140 milímetros de chuva em seis horas, o que, segundo a presidente da Câmara de Budrio, província de Bolonha, corresponde à média de precipitação para dois meses de outono.
"Os militares vão apoiar-nos no transporte de pessoas do Palazzetto dello Sport, que também foi afetado pela inundação, para o Bocciofila, onde vai haver apoio médico e psicológico. A água parece estar a escoar lentamente, embora o nível do rio continue elevado. As equipas de proteção civil chegarão ainda hoje com bombas adequadas para escoar a água", afirmou a autarca Debora Badiali.
Ainda durante este domingo será emitida uma ordem de encerramento de creches e escolas na segunda-feira, para que se possam fazer inspeções e analisar as condições dos estabelecimentos de ensino.
As inundações atingiram outras cidades como Ravenna, Modena e Reggio Emilia, na região norte da Emilia-Romagna, que está em alerta vermelho devido às cheias que inundaram o território, levando as autoridades a anunciar que vão pedir a declaração de um novo estado de emergência.
Há meses que o norte de Itália é afetado por fortes tempestades, chuvas e inundações, e desta vez afetou também as zonas do sul, como a ilha da Sicília, que sofreu este ano uma seca sem precedentes devido a uma extrema falta de chuvas.
Por outro lado, as regiões setentrionais do Veneto e da Ligúria foram igualmente afetadas pelas fortes chuvas e, na Emília-Romanha, 15.000 utilizadores ficaram sem eletricidade.
Casas e lojas debaixo de água. "Escapámos por pouco"
Em Castenaso, uma zona de Bolonha, vários moradores contaram como viram "a água muito alta" entrar-lhes em casa.
"Atingia metade da garagem e na cave tinha mais de um metro de profundidade. Os carros ficaram destruídos, tudo o que estava lá dentro ficou destruído. Foi muito pior do que da última vez. E da última vez escapámos por pouco", contou uma das habitantes de Castenaso ao Corriere di Bologna.
Da Sicília, que enfrenta uma grave seca há meses, a presidente da região Emilia-Romagna relata "imagens dramáticas", mas espera que o alerta entretanto diminua para laranja com a queda da precipitação.
"O alerta vermelho continua em vigor para hoje. Os valores acumulados são inferiores aos previstos, mas como sabem temos cheias nos principais rios, que estão a escoar. Alguns municípios estão a fazer evacuações preventivas. É correto que isto também esteja a acontecer. Os presidentes de câmara estão a proteger os cidadãos", acrescentou a autarca Irene Priolo.
De acordo com os meios de comunicação social italianos, em toda a Itália registaram-se também deslizamentos de terras, cortes na circulação rodoviária e ferroviária devido à intempérie, assim como pelo menos 300 intervenções dos bombeiros.
Em locais como a cidade de Licata, na Sicília, teve de ser retirada com pás a lama causada pelo transbordo do rio Salso, provocando uma inundação que atingiu uma altura de oito metros e afetou vários locais.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, está a "acompanhar de perto as consequências do mau tempo" e está em "contacto permanente" com as autoridades da Proteção Civil, informou o seu gabinete.
[Notícia atualizada às 14h18]
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