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Maputo volta à normalidade sem internet e com estudantes na rua

Vinte quatro horas após violentos confrontos que deixaram um rastro de destruição em diversas ruas da capital moçambicana, Maputo voltou à normalidade, sem internet móvel, mas com pequenos grupos a marcharem pacificamente sob olhar atento da polícia moçambicana.

Maputo volta à normalidade sem internet e com estudantes na rua
Notícias ao Minuto

25/10/24 18:54 ‧ Há 2 Horas por Lusa

Mundo Moçambique

Na avenida Joaquim Chissano, o epicentro dos confrontos entre a polícia moçambicana e os simpatizantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contesta os resultados eleitorais da votação de 09 de outubro, um grupo de crianças já joga futebol no asfalto que ainda guarda vestígios dos confrontos.

 

As nuvens de fumo que "pintaram" o final da tarde na periferia de Maputo de quinta-feira já se foram, mas o clima ainda é tenso, sobretudo no interior dos bairros, com jovens sentados, mas atentos às movimentações dos veículos que passam.

Há pedras e vestígios de pneus queimados em quase todas avenidas, um retrato da violência que marcou a noite de quinta-feira, dia em que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, na eleição a Presidente da República com 70,67% dos votos.

"Nós estamos surpreendidos com este resultado porque nós sabemos em quem votámos e sabemos quem ganhou. Por esta razão estamos novamente na rua", declarou à Lusa o estudante Agapito António, 24 anos, simpatizante do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Agapito António está num grupo de algumas dezenas de estudantes da Universidade Eduardo Mondlane, a mais antiga instituição de ensino superior, que decidiram voltar às ruas hoje para contestar os resultados eleitorais, embora com o receio das forças policiais, que estão estrategicamente distribuídas pela cidade, com alguns veículos blindados, sobretudo na periferia.

"Há sim pessoas que acabaram feridas em resultado dos confrontos [de quinta-feira], mas esta não é uma motivação para nós não marcharmos porque sabemos que haverá mais opressão em cinco anos se nós aceitarmos esta violência eleitoral", declarou Ismael Pinto, outro estudante.

Embora sem internet móvel, interrompida desde o início da tarde pelas três operadoras de telefonia móvel sem uma explicação oficial, os jovens estudantes marcharam por pouco mais de um quilómetro, empunhando dísticos de repúdio aos resultados eleitorais anunciados na quinta-feira e entoando hinos de apoio a Venâncio Mondlane.

Os estudantes percorreram algumas artérias de Maputo, escoltados por um pequeno grupo de oficiais da polícia, até à Praça da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), a escassos metros do local onde Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, que apoia Mondlane, foram mortos há uma semana, motivo que levou o candidato presidencial, que já havia convocado uma paralisação, a chamar as pessoas para as ruas.

"Este é um direito civil [marchar], nós não estamos aqui para vandalizar nada. Somos estudantes e esta é a nossa posição", frisou à Lusa Fernando Bernardo, outro estudante.

Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos.

Na terceira posição da eleição presidencial ficou Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), até agora maior partido da oposição, com 5,81%, seguido de Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático do Moçambique (MDM), com 3,21%.

O anúncio dos resultados feito a pela CNE aconteceu no primeiro de dois dias de greve geral e manifestações em todo o país convocadas por Mondlane contra o processo eleitoral deste ano, que está a ser marcado por confrontos entre manifestantes e a polícia nas principais avenidas da capital moçambicana.

Mais de 300 pessoas foram detidas em todo país e, em Nampula, pelo menos uma pessoa perdeu a vida, segundo dados avançados pela Polícia da República de Moçambique (PRM).

Leia Também: Em Maputo tenta-se trabalhar entre a destruição dos confrontos

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