A polícia londrina mobilizou agentes de fora da capital britânica "para garantir que os dois grupos opostos sejam mantidos separados", numa operação reforçada destinada a evitar tumultos como aqueles registados em protestos organizados pela extrema-direita no verão no Reino Unido.
Milhares de pessoas responderam à convocatória do ativista anti-islão Tommy Robinson para uma manifestação intitulada "Enfrentar a Tirania", que se concentrou junto parlamento britânico, em Westminster.
Na multidão podiam ver-se cartazes a pedir para que os políticos "parem os barcos" de migrantes que atravessam o Canal da Mancha e para "trazer de volta o Ruanda", uma referência à política de deportação de requerentes de asilo para o país africano.
Numa faixa à frente da marcha lia-se que o primeiro-ministro, Keir Starmer, "alimentou os motins" por favorecer os imigrantes.
"O governo acabou com o subsídio para o aquecimento no inverno aos reformados. Mas o pior é que depois gasta o dinheiro com os imigrantes que nunca pagaram impostos e contribuíram neste país", argumentou Ray Hart, em declarações à agência Lusa.
Para este britânico de 70 anos, coberto por uma bandeira de Inglaterra, "há demasiados imigrantes neste país".
Opinião partilhada por Roy Straughan, que invoca outras questões com as quais discorda, como a aposta em automóveis elétricos em vez do investimento no hidrogénio.
"Estamos a ser enganados a pensar que vivemos num país democrata", lamenta, queixando-se de uma cabala para prender o ativista organizador da manifestação um dia antes.
Tommy Robinson, cujo verdadeiro nome é Stephen Yaxley-Lennon, foi preso na sexta-feira e vai ser presente a tribunal na segunda-feira por desrespeitar uma sentença anterior, que o condenou por difamar um jovem refugiado.
O seu protagonismo nos ataques aos imigrantes, a muçulmanos, a refugiados e à alegada repressão política tornou-o numa figura pública, com milhares de seguidores.
Foi por isso que a organização antirracista 'Stand Up to Racism', juntamente com sindicatos e outros grupos, convocou um contraprotesto para "Parar Tommy Robinson".
"Organizações de extrema-direita e fascistas estão a tentar crescer aqui no Reino Unido, inspiradas pelo sucesso de Giorgia Meloni em Itália, Marine Le Pen em França e Donald Trump nos Estados Unidos. Nós estamos determinados a impedir que isso aconteça", afirmou à Lusa o dirigente, Brian Richardson.
Este ativista entende que os motins registados no verão resultaram de uma tentativa destas organizações aproveitarem-se do homicídio de três crianças em Southport, no norte de Inglaterra, cuja responsabilidade atribuíram, erradamente, a um requente de asilo muçulmano.
"Estamos determinados em mostrar que a grande maioria das pessoas é contra este tipo de ideias fascistas", vincou.
Sob cânticos de "digam alto e digam claramente, os refugiados são bem-vindos", vários milhares de pessoas desfilaram até Whitehall, zona onde se concentram edifícios governamentais e a centenas de metros do parlamento.
Para Pryesh, de origem indiana, viajou de Stoke on Trent, 250 quilómetros a norte de Londres, porque considerou ser importante estar presente neste contraprotesto.
"Durante os motins no verão houve alguns distúrbios naquela região e as pessoas estavam com receio de sair à rua", contou à Lusa.
Este jovem disse perceber que algumas pessoas tenham queixas legítimas de dificuldades económicas, mas entende que "a extrema-direita está a tentar aproveitar-se dessa frustração" para ganhar apoio.
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